segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

"Chegamos? Não chegamos? Partimos. Vamos. Somos!" (5-12-2013)

(5-12-2013)
Olá!

Como não podia deixar de ser, fui do grupo que tinha de sair mais cedo, às 7h. Como não tinha telemóvel para meter o despertador (um dos contratempos da noite anterior englobou perder o telemóvel), confiei na pontualidade da russa do meu quarto para me acordar. E confiei mal, porque ela também acabou por adormecer. Acordei então às 6h30, quando uma russa amiga da Poline veio ter connosco para descermos juntas, encontrando-nos ainda a dormir na cama. Numa correria lá nos preparámos e descobri que também não tinha botas, e os outros sapatos estavam na mala grande que já estava arrumada numa outra sala. Saí então do quarto, malas na mão e só de meias nos pés, enquanto chovia por cima de mim. "Toscano, I lost my phone, I lost my shoes. How am I supposed to go home??" ("Toscano, perdi o meu telemóvel, perdi os meus sapatos, como é que é suposto eu ir para casa???"), gritava eu, enquanto todos se riam. Lá arranjámos um par de sapatos da mala grande e lá fui eu, rumo ao aeroporto deixando o telemóvel e as botas para trás.

Estávamos nós no aeroporto à espera de uma hora decente para entrar na zona de passageiros (fomos para o aeroporto 3 horas antes da hora do voo) e chega uma voluntária para se despedir. E, não sei como, vem com a minha gola no pescoço. Digo-lhe "Desculpa, mas esse cachecol é meu.", ao que ela me responde "Agora é meu, estava com frio", ao que eu sorrio, à espera que ela me devolva o que é meu. Nada. 5 minutos antes de irmos embora volto a ir ter com ela e peço-lhe a gola, ao que ela me responde "Mas eu gosto dela", e eu digo "Mas eu também gosto dela, e ela é minha.". Com uma cara de chateada lá me devolve a gola, como se me estivesse a fazer um favor (na verdade até estava, porque encontrou a gola, e eu não sei onde a tinha deixado).

Na viagem para Portugal a risota continuou, primeiro com a Sofia e a sua bíblia para evitar a queda do avião, e depois com o hospedeiro a tentar fazer com que eu aceitasse um supositório contra o enjoo, que eu recusei enquanto me ria imenso. Se não tomo o supositório tomo outra coisa, e lá decidiu dar-me um sumo de tomate, mas nem sei o que era pior. Fiquei muito tempo à conversa com os dois hospedeiros mais novos (uma mulher e um homem), enquanto eles tentavam arranjar soluções para o meu enjoo.
Quando voltei ao meu lugar ainda veio o hospedeiro mais velho falar connosco, que nos veio perguntar onde estivemos a viver e falou-nos um bocadinho das suas viagens.
A muito custo (principalmente para a Sofia, dado que o avião abanou um bocado mais do que o normal), lá chegámos a Portugal, e começámos o caminho para a nossa vida normal.

Quando cheguei ao aeroporto de Portugal deve ter sido um dos momentos mais estranhos de toda a minha experiência. Voltar a ver os pais depois de 3 meses noutra família. No avião já estavam todas excitadas para reencontrar toda a gente, enquanto eu não estava com vontade nenhuma. Entrámos na zona de chegadas e começou a loucura. Todas a correr e a chorar enquanto abraçavam os portugueses, e eu a afastar-me dos beijos da minha mãe.

Depois de me despedir de toda a gente lá saímos do aeroporto e decidimos ir almoçar à expo, eu e os meus pais. Pedi peixe, cheia de vontade de comer algo português, mas acabou por chegar um cerne que odiei, pelo que fiquei mesmo desapontada.

Quando cheguei à Lousã fui visitar a minha tia Cristina, para dizer que tinha chegado. Lá estava também o meu Tio Carlos, então estive a falar-lhes um pouco da minha experiência.
Em casa tinha o meu quarto todo decorado, pronto a receber-me. Balões, corações e uma faixa a dizer "Bem-vinda Eva", tudo preparado pela minha mãe. E para acrescentar tinha uma das minhas refeições preferidas à espera de ser comida: almôndegas, batatas fritas, mousse de maçã e biscoitos de manteiga, carinhosamente feitos pela Manuela.
Estive também a arrumar todas as coisas, enquanto contava histórias sobre a minha experiência à minha mãe, ficando meia nostálgica sempre que encontrava algo especial.

Antes de dormir ainda liguei ao Cedric, de quem estou a morrer de saudades. E, mal ouvi a voz dele, vieram-me as lágrimas aos olhos e senti um aperto no coração. Porque é que só fiquei 3 meses?! Porquê?!





sábado, 21 de dezembro de 2013

"If the world were a village were a village of 100 people" (4-12-2013)

(4-12-2013)
Boa noite a todos!
Sei que muito tempo já se passou desde que cheguei a Portugal, mas mesmo assim publico ainda estes textos em atraso para mais tarde os ter aqui para recordar!

Chegou o último dia de campo. A véspera do regresso para Portugal. Ou só mais um dia a madrugar.
Depois de termos tomado o pequeno almoço ainda a dormir, reunimos nos grupos para fazer o último workshop, desta vez sobre "Active Citizenship". Pela primeira vez calhou-me fazer uma atividade sem ser com a Tinna, pelo que tive oportunidade de conhecer a Julia, uma voluntária da AFS Rússia que era a responsável pelo workshop "If the world were a village of 100 people" ("E se o mundo fosse uma aldeia de 100 pessoas").
Antes de começar a tratar de assuntos sérios, a Julia meteu-nos a dançar um bocado, de forma a acordar-nos (foi a minha parte preferida, como devem imaginar). Estivemos também a fazer um energiser com duas almofadas, seguindo a mesma lógica do energiser que fizemos no Cesenático do porco e do dinossauro, mas desistimos antes do dinossauro conseguir comer o porco.

Na primeira parte do workshop estivemos a falar mais do que é ser um cidadão activo e, individualmente, a escrever em post-its sugestões para ser mais activo a vários níveis, da escola, da cidade, do país, internacional e da AFS.
Depois de debatermos as sugestões dadas, a Julia introduziu o verdadeiro tema do workshop: "Imaginem que o mundo é uma vila só com 100 pessoas. Cada pessoa na vila representa cerca de 71 milhões de pessoas do mundo real", quantas seriam mulheres? E asiáticos? Se o mundo tivesse 100 pessoas quantas falariam chinês? E português? Quantas seriam de cor?
Na primeira parte do workshop estivemos a preencher um papel com uns números que acharíamos mais corretos para responder a essas perguntas, e eu estive a tentar descobri-los com a Federica (minha colega de quarto). Na segunda estivemos a descobrir os verdadeiros números, que não tinham nada a ver com as nossas expectativas. Sabiam que se o mundo fosse uma vila com 100 pessoas que só 33 eram Cristãos? Que 24 seriam Ateus e que 1 seria Judeu? Que só 1 teria acesso à Universidade e que só 7 teriam um computador? Sabiam que, se o mundo fosse uma vila com 100 pessoas, 75 viveriam em condições pobres? Que 50 não teriam comida garantida, 20 seriam subnutridos e que só 30 teriam sempre o suficiente para comer (sendo que 15 destes teriam peso a mais)?

Às 10:30 lá tivemos direito à nossa pausa para o café e às 11 retomámos o trabalho, acabando ao 12:15, hora de almoçar. O almoço desta vez foi bastante bom, tivemos direito a carne guisada com batatas fritas no forno, e ainda a um gelado como sobremesa.
Depois de almoçar e de descansar um bocado voltámos a reunir com os grupos do workshop, desta vez para decidir como apresentar o nosso trabalho ao grupo inteiro. Resolvemos dizer alguns dos números que nos chocaram mais e, ao mesmo tempo que alguém o diria para toda a gente, o resto do grupo separava-se nas proporções ditas, para ajudar o público a visualizar a situação. Fomos ainda obrigados a preparar um energiser de dança para o grupo todo, embora ninguém estivesse com vontade para isto.

Às 15h reunimos com os Re-groups e, quando eu cheguei à minha sala para encontrar o meu grupo, encontrei mais dois ou três, a cantar. Lá me explicaram que íamos fazer um flashmob com a música "I don't care, I love it", alterada para "ECTP, I love it!", e estavam a ensaiar a "dança".
Tudo ensaiado, começámos a tratar de coisas sérias. As voluntárias liam afirmações e, conforme o nosso grau de concordância com estas, tínhamos de nos posicionar num quadrado gigante que desenharam no chão.
Entretanto os outros grupos saíram e ficámos só nós, desta vez a falar mais seriamente. Falámos sobre as nossas expectativas sobre voltar para casa, e sobre os três meses que passámos fora dela. Falámos dos nossos sentimentos e medos, e a Tinna esclareceu-nos algumas coisas, por já ter passado pelo mesmo. Ainda escrevemos uma carta para os nossos eus do futuro, que todos concordámos em receber no início de Abril.

Às 18h, como já era hábito, fomos jantar. Jantei com a Juliette, a Maria Toscano e o Jhon, e estivemos o tempo todo a rir da sandes vegetariana que eu fiz dado que, sempre que tentava levá-la à boca, metade do conteúdo caía para o prato, acabando por comer pão com pão. Também durante o jantar chegou o director do campo a avisar que os horários de partida já tinham saído e que, mais uma vez, os portugueses eram dos primeiros a sair. E a sair tão cedo que o serviço de pequeno almoço não estaria aberto, pelo que tínhamos de preparar o nosso pequeno almoço depois de jantar.
Lá preparei a minha comida com a Toscano e, quando tudo já estava pronto, fomos aproveitar a hora livre para fazer a mala. Fazer a mala o tanas, acabei por ficar no quarto a falar com a Clara o tempo todo, tendo começado a gostar do campo nesse mesmo momento. Estivemos a falar tanto e tão interessadas nos assuntos que, quando demos por nós, já estávamos 15 minutos atrasadas para a Sessão de Encerramento.
Na sessão de encerramento estivemos a falar dos horários de partidas, das regras para deixar o quarto, estivemos a ver o vídeo de resumo do nosso campo e do campo paralelo (Hanenbos) e, sem os diretores estarem à espera, fizemos o flashmob. A dança acabou por se alterar toda e por ficar uma confusão de pessoas no meio a dançar, super divertidas. No final alguém ainda disse "Isto foi para vocês verem o que é um flashmob a sério", dado que a tentativa do dia anterior tinha sido bem falhada.

Às 21h fomos para os quartos arrumar tudo sabendo que, depois dos quartos estarem arrumados, teríamos direito à nossa "Goodbye Party". A arrumação foi bem divertida porque no meu quarto, enquanto arrumávamos, estávamos a ouvir música, a dançar e a cantar, o que soube muito bem. Ainda tivemos a fazer uma sessão de fotos para recordações, mas a Poline e a Federica ainda não as passaram para o computador (estou farta de pedir!).
Tudo arrumado, lá fomos para o bar do albergo, onde era a festa. Enquanto todos os outros foram dançar, eu fiquei a falar com o Jhon, enquanto bebíamos uma cerveja.

Embora tenha havido um ou outro contra tempo, os voluntários conseguiram controlá-los e acabou por ser uma noite divertida em que acabou tudo (ou quase tudo) bem. No entanto, no meio da confusão, acabei por não me despedir de ninguém, coisa de que tenho pena. Fica para a próxima!




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Brussels day (03-12-2013)

(03-12-2013)
Boa noite!
Mesmo estando apertadíssima com tempo, tenho tentado arranjar uns espacinhos de forma a acabar este blog, que já está a demorar demasiado.

Como vos disse, o dia de Bruxelas chegou, e com ele chegou a viagem de uma hora. E com viagens longas vem acordar cedo, o que já não agrada a ninguém. Mas como nós não somos ninguém, tivemos de levar com as ordens e madrugar, de forma a apanhar o autocarro.
Fui sentada com a Juliette, embora não tenhamos falado nada porque aterrei 5 minutos depois de me sentar, pelo que nem dei pela viagem longa. Entretanto acordei quando estávamos a chegar a Bruxelas, e tive a oportunidade de ver aquelas ruas lindas ainda com um sol por nascer, ficando com uma luz incrível.

Depois de termos saído do autocarro e termos feito uma mini caminhada lá chegámos ao parlamento europeu. Ali ficámos séculos ao frio, até que alguém nos viesse abrir a porta. E, em vez de irmos visitar as instalações como os turistas normais, fomos para uma sala de conferências onde tivemos a oportunidade de falar com duas pessoas importantes que lá trabalham, e que por acaso são ex-AFS'ers. Um conselheiro, um italiano que foi para os Estados Unidos, e uma austríaca, a patroa dele, que também escolheu o mesmo destino. Com eles estivemos então a falar de como chegaram ao lugar que ocupam agora, e como é o seu trabalho agora que têm empregos tão importantes.
Enquanto estávamos a ouvir o que eles diziam, começámos também a ouvir muito barulho do lado de fora da porta, e imaginámos o cenário. O outro grupo chegou. E, mesmo sabendo que estavam a uns metros de nós, não podíamos ir ter com eles, só à hora de almoço, e durante 10 minutos.
E quando saímos é que foi. Dois grupos de 90 pessoas, loucas para se verem e abraçarem, mas com seguranças no meio que entravam no abraço de dois desconhecidos. Juro-vos que nos sentimos famosos a sair do palco, enquanto ouvíamos berros e raparigas a gritar para nos tentar agarrar.

Quando saímos do parlamento seguimos viagem para o Parlamentorium, o museu mais secante do mundo. Depois de uma hora com um guia em italiano ao ouvido (fiquei super orgulhosa por perceber tudo), desistimos e fomo-nos sentar no primeiro banco que vimos. E entretanto comecei a falar com uma italiana que foi para a Alemanha, e entretanto descobri que era a Eleanora, a italiana de quem tanto me falou a Rosa. Apresentei então a Eleanora à Ann-Sofie, dado que têm a Rosa como ligação.
Chegando ao fim do museu (aleluia!), fomos almoçar no bar deste mesmo, pelo que não podíamos esperar por muito. E as expectativas estavam corretas, o almoço foi uma sandes com tomate e rúcula e um muffin no fim, que acabou por ser o que me encheu mais.

Depois de almoçarmos fomos para fora, reunir em grupo. E a cada grupo dos nossos juntou-se um grupo dos outros, prontos a fazer o flashmob. Ou flashfail, como quiserem. Tudo nas posições corretas e alguém grita "I feel European because!", e nós levantámos todos os cartazes, mesmo que as instruções não fossem essas. E repetimos isto 3 vezes, até darem por encerrado esta coisa a que deram o nome de flashmob mas que não teve nada disso.
E, com 10 minutos disponíveis, tivemos oportunidade de encontrar todas as outras pessoas do outro grupos. 10 minutos para abraçar velhos conhecidos, ou fazer novos amigos. Houve também quem aproveitasse para estar com os do mesmo grupo, mas eu fui ter com as minhas amigas portuguesas, que entretanto reunimos com os que foram para Portugal, com o objetivo de tirar uma foto com todos os que falavam português, embora não tivessemos encontrado a Toscano a tempo. A Bárbara (portuguesa que foi para a Áustria) ainda me apresentou a Sara, uma belga que foi para Cascais. Fizeram questão de me apresentar esta rapariga em particular porque, numa das refeições do campo, elas estavam a falar de algo nojento e ela respondeu "Foda-se, 'tou a comer", mesmo à portuguesa. Descobri também que, durante os 3 meses que esteve em Portugal, foi muito próxima da Carolina Meira e da Carlota Cardoso, duas amigas minhas de Cascais.

Foto de grupo feita, 10 minutos contados, voltámo-nos a dividir nos Re-groups para iniciarmos a nossa volta turística por Bruxelas. E, como não podia deixar de ser, dirigimo-nos até ao Manneken Piss, o que desiludiu muitos dos que nunca o tinham visto, estando à espera de algo muito maior. Mas, no caminho para o famoso rapaz a fazer xixi, ainda parámos para comer um Waffle com chocolate, não fossemos nós desperdiçar a oportunidade de enfardar.
Manneken piss visto, fomos para a Grand Place com o grupo, onde nos encontrámos ainda com outros. E aí vieram as boas notícias: quase duas horas livres para andar por Bruxelas, sem voluntários. Rapidamente nos juntámos num grupo interessante: eu, o Jhon Piccione (Itália-Rússia), a Elena Maria Puri (Itália-Alemanha), o Gunnar Theunis (Bélgica-Turquia), o Blaz Damjan (Eslovénia-Bélgica), a Miriana Volpe (Itália-Rússia) a Chiara Campolmi (Itália-Turquia), a Sarah Fasoli (Itália-Polónia) e o Daniel Ríha (República Checa-Alemanha). E, todos juntos, decidimos provar as quatro coisas mais belgas: waffles (este já estava feito), chocolate, batatas fritas e cerveja, pelo que nos despachámos logo, dado que tínhamos um longo percurso para fazer.
A primeira paragem foi um café chamado "Espanhol", com um aspecto bastante engraçado. Entrámos e deparámo-nos com uma senhora de 80 anos a servir à mesa, e um cliente também com uns 80 em cima, sentado numa cadeira de rodas e a soro. Eu e o Jhon ficámos logo encantados com o ambiente, e fomos perguntar se vendiam cervejas, até que percebemos que a senhora não falava inglês, só francês ou espanhol. Lá meti os meus dotes de espanhol a funcionar, mas a senhora disse que não tinham, pelo que tivemos de abandonar o nosso novo café preferido.
O café seguinte foi o "Le Fontainas", um bar com muito bom aspecto que nos chamou logo a atenção. Pedimos uma Duvel cada um e lá ficámos a conversar, até que eu reparo no aspecto demasiado bom que aquilo tem, tendo em conta que só trabalhavam homens lá. "Pessoal, eu acho que isto é um bar gay, reparem nos quadros com as borboletas, nos vários grupos de 2 rapazes que estão sozinhos numa mesa, nos bules para o chá todos bonitinhos, na música clássica", e cada um começou a reparar nas várias coisas. Nos clientes a entrar e a cumprimentarem-se com um beijinho na bochecha, num outro a fingir que era uma borboleta. Um bar gay, pensámos nós.

O segundo (ou terceiro) objetivo foram as batatas fritas, mas esta tarefa foi complicada, porque o Blaz, sendo o seu último dia na Bélgica, queria comer um hambúrguer em específico, pelo que tivemos de andar a girar todos os restaurantes de fast food que encontrámos. Até que chegámos a um que os vendia e abancámos. E, enquanto comíamos as óptimas batatas fritas, começámos a ver os outros grupos a passar, todos em direção ao ponto de encontro. Lá nos despachámos e, deixando ainda algumas batatas por comer, deixámos o restaurante.
Apesar de estarmos atrasados, eu e o Jhon concordámos que não podíamos abdicar do chocolate belga, pelo que fomos a correr comprar o primeiro que vimos, acompanhado também de Speculoos para mim.
Dez minutos depois da hora lá estávamos nós no ponto de encontro, enquanto os voluntários já nos estavam quase a ligar para saber onde estávamos. No caminho para o autocarro vim a falar com alguém sobre o nosso possível bar gay, até que a Anna, uma voluntária italiana que agora vive em Bruxelas, se meteu na conversa e nos esclareceu as dúvidas. O "Le Fontainas" é, de facto, o bar conhecido por ser o bar mais gay de Bruxelas, estando nós corretos.

No autocarro vim com a Adél Horváth, uma rapariga Húngara que foi para Corroios, em Portugal. Embora eu goste muito da miúda e seja muito interessante, nenhuma de nós aguentou e viemos o caminho todo a dormir.
Quando chegámos ao albergo era hora de jantar o que, em vez de me meter água na boca, me tirou. O jantar hoje era chamado de "massa à bolonhesa", mas nem sei bem dizer o que é que aquilo era. Tentei comer duas garfadas, mas desisti logo e acabei por não jantar, contente por ter comprado as bolachas em Bruxelas.
Entretanto fomo-nos reunir com o Re-group, para falarmos de como nos estávamos a sentir naquele dia, do que tínhamos achado da organização do dia e das atividades.

O programa da noite foi muito engraçado: Boombal, dança folk com direito a banda ao vivo. Um senhor lá nos explicou a dança e lá estivemos nós, a noite toda a dançar, sempre a trocar de par e assim a conhecer mais gente. E foi assim que eu conheci a Merel Staes, uma belga que foi para a Turquia. Apesar de eu não gostar de dançar, esta noite foi mesmo divertida, e fiquei feliz por ter arriscado.
Depois da dança acabar, fui para o quarto da Maria Toscano para ela não estar sozinha no quarto enquanto tomava banho (era um problema, porque eram quartos de 6 pessoas com direito a 1 chave).
Ainda passei no bar, bebi mais um minute maid, ouvi um bocadinho de música enquanto os via a dançar (fizeram uma pista de dança) e entretanto fui para a cama, dado que estava morta.

Boa noite, amanhã talvez vem mais!

P.S.: Só cinco minutos antes do flashmob é que reparámos (a Clara) que o meu cartaz tinha uns certos erros, dado que dizia "I feel european because I'm 1/2 Portuguese, 1/2 Dutch and 1/2 Italian". Arranjámos assim uma desculpa rápida caso me perguntassem e até ficou bem interessante: Eu sou meia portuguesa e meia holandesa de nascença, mas com esta experiência que fiz tive a oportunidade de crescer e tornar-me mais do que uma pessoa, e esse bocado que cresci é italiano. Há soluções para tudo.























domingo, 15 de dezembro de 2013

Boys don't cry and girls love pink! (02-12-2013)

(02-12-2013)
Boa noite!
Com os bocadinhos de tempo livre que tenho tido vou aproveitando para escrever os posts que me faltam, peço desculpa pela lentidão.

Quando acordei fui tomar banho, aproveitando o facto de estar meia a dormir e por isso não reparar no nojo que aquilo era. Logo depois do banho fui para o pequeno-almoço, dado que tem uma hora limite e eu não quero não comer o pequeno-almoço. Arrisco então a dizer que o pequeno-almoço era mais completo do que o jantar da véspera, porque desta vez tínhamos direito a Speculoos (uma pasta belga para barrar no pão, feita com bolachas típicas).

Às 9h reunimos no plenário, onde voltámos a ouvir a sessão de abertura, dado que nem toda a gente tinha chegado quando fizeram a primeira. Fizemos ainda uma coisa que não tínhamos feito antes, um mapa da Europa humano, isto é, distribuímo-nos mais ou menos pelos lugares dos nossos países, o que levou a uma enorme multidão no lugar da Bélgica e de Itália (em 90 pessoas no campo, 1/3 era belga, 1/3 era italiano e 1/3 do resto da Europa, dos quais muitos foram para a Bélgica ou para Itália).
Enquanto estávamos nas posições dos países, descreveram ainda cada país e populações com coisas características, ao que devíamos responder com um "Olá a todos" na respetiva língua, quando fosse o nosso. A imagem do Cristiano Ronaldo já era muito óbvia, mas também conseguiram fazer uma descrição muito boa e acertada do nosso país: "Onde acham que duas da manhã é muito cedo para ir para a cama, e às onze muito cedo para levantar, temos Portugal!".

Depois do momento divertido, organizámo-nos nos nossos Re-groups (o meu era o Pralines Blue com a Tinna, uma voluntária da Islândia que foi para os Estados Unidos em 2004), enquanto fazíamos um cartaz que dizia "I feel European because..." e justificar porque nos sentíamos europeus. Este cartaz era essencial para o dia seguinte, dado que a ideia era fazer um flashmob no parlamento europeu, no qual precisaríamos do cartaz.
Às dez tivemos o nosso merecido coffee break, que foi bastante mais pobre do que estávamos à espera. Porquê? Porque os coffee breaks nos campos em Portugal têm direito a um bolinho ou outro a acompanhar, mas parece que na Bélgica andam um bocadinho mais egoístas, e só tivemos direito ou a um café ou a um chá, continuando a morrer de fome.
Depois do nosso merecido descanso voltámos a reunir com os re-groups, desta vez com dois grupos. Reunimos assim os Pralines Blue (com a Tinna) e os Pralines Red (com a Katie) e saímos do albergo, passeando pela redondezas de Destelheide. E, enquanto fazíamos este passeio ao frio que estava, fizemos mais uma atividade. Cada um tirou um papel com um número e, de dois em dois minutos, as voluntárias diziam conjuntos de dois números, tínhamos de ir ter com a outra pessoa e falar sobre vários temas, que elas decidiram. Por acaso foi muito bom, pois foi uma maneira de nos darmos a conhecer a pessoas com quem se calhar ainda não tínhamos falado. Nessa atividade voltei a falar com o Jhon, que me disse que o momento mais divertido da experiência dele foi quando, numa noite com amigos, meteu garrafas de vodka num bocado de madeira a flutuar no rio e largou a "jangada" e que, no dia seguinte, o pai de acolhimento, que tinha ido à pesca, disse que tinha encontrado essa tal jangada, sem saber quem a tinha feito.

À hora de almoço estive com a Ann-Sofie, a belga que foi para casa da Rosa Inês em Braga. Gostei muito de estar a falar com ela, dado que esteve a viver 3 meses na família com quem estive no fim-de-semana de troca nacional, pelo que tínhamos vários assuntos de conversa. Felizmente o almoço foi algo mais pesado do que a salada do jantar de ontem, e tivemos direito a um pedaço de carne, batatas, espinafres e donuts (eu tive direito dois, pois a Ann-Sofie não quis o dela).
No final do almoço estive a falar com a Zelda que, apesar de dar a impressão de ser uma rapariga cheia de nada e que só quer atenção, é bastante interessante. Ela esteve-me então a explicar como se tinha inscrito para fazer AFS no Egito e como já tinha começado a estudar árabe, mas que lhe disseram que não podia ir por causa das manifestações. Disse-me também que entretanto ainda tentou mais três outros países que lhe foram rejeitados, pelo que veio parar a Itália, a sua quinta opção, só sabendo disto 15 dias antes de partir.

À tarde estivemos a fazer um workshop, e eu fiquei com a Tinna no "Boys don't cry and girls love pink", onde também estava a Toscano. Estivemos então a falar sobre os estereótipos de género presentes na atualidade, alimentados pelos media.
Primeiro dividimo-nos em 4 grupos e estivemos a desenhar um mapa da europa e a ver quantos países conhecíamos e a sua localização geográfica. Aqui tivemos a oportunidade de ver a cultura de alguém que escreveu "Andorra" no sul de França, já estou a imaginar a propaganda para turismo "Andorra, o melhor destino de praia europeu".
Depois estivemos a ver vídeos onde estavam bem presentes os tais estereótipos, a fazer recortes de revistas e depois a fazer posters onde colámos os recortes que demonstravam bem o ideal de mulher e de homem publicitado pelos media.

Quando o workshop acabou, reunimos no plenário para falar sobre o dia de Bruxelas. Pois é, o tão esperado dia de Bruxelas, em que íamos ter oportunidade de ver os do outro campo, nem que fosse só por 10 minutos. No plenário falámos então do programa do dia seguinte, das regras e do flashmob. E, para isto, tivemos direito a um vídeo com as instruções. E era só um dos melhores vídeos de sempre, que meteu toda a gente a rir.

À hora de jantar estive com a Toscano, com umas belgas (super difícil de encontrar belgas ali no meio) e uma dinamarquesa que foram para Espanha. Obviamente que saímos de lá super cheios, dado que voltámos a ter direito a uma salada e pão integral, que enche qualquer um.
Depois de jantar tivemos uma atividade nos re-groups, em que devíamos avaliar o campo. Desenhámos uma mão e tínhamos de enchê-la com coisas relativas ao campo. No polegar alguma coisa que gostássemos (com um polegar fazemos um "like"), com um indicador alguma coisa a que gostaríamos de apontar (sendo boa ou não), com o dedo do meio algo que não gostássemos (fazendo-lhe um pirete), com o dedo anelar algo de que gostássemos muito (tanto que "casaríamos" com isso), com o mindinho algo pequeno que quiséssemos partilhar e na palma da mão algo a que gostássemos de aplaudir.

Entretanto voltámos a reunir no plenário, desta vez para decidir o que fazer o resto da noite. Apresentaram-nos as várias hipóteses, e teríamos de escolher uma entre sessão de relaxamento, quizz, ver o forrest gump, ver o LOL em francês e jogar ao mata mas como um nome francês bem mais chique. Eu e a Toscano estávamos inclinadas para a sessão de relaxamento, mas acabaríamos por adormecer e assim não a aproveitávamos, pelo que trocámos para o quizz.
No quizz fiz então uma equipa com a Toscano, a Sara Pasqualini (italiana que foi para Portugal), o Didi (belga que foi para Portugal) e o Kristján, e éramos os "Caralho", aproveitando o facto de mais ninguém ali perceber português para além de nós.
Depois de um jogo muito renhido entre nós e uma outra equipa, o Didi deu uso ao booklet do campo e, com alguma batota à mistura, ganhámos o quizz, pelo que tivemos a oportunidade de ouvir as voluntárias a gritar "E a equipa vencedora é: CARALHO!". Como prémio recebemos duas tabletes milka, que acabámos por partilhar com as outras equipas. No final do quizz uma voluntária ainda nos veio dizer "Sabem que eu sei o que é que "caralho" significa, não sabem?", e nós rimo-nos imenso.
Fomos também jogar um bocadinho de mata, mas parámos quando reparámos que o piso era super escorregadio e que toda a gente estava a cair. Houve até um rapaz que estragou o único par de calças limpo que tinha, rasgando as todas no rabo.

Quando o programa do dia acabou, toda a gente começou a dispersar, uns para o quarto, outros para o bar, outros para a zona com Wii-Fii. Eu tinha ido para quarto com a Poline, mas entretanto chegou a Anya (uma amiga russa dela) e acabámos para ir para o bar as três juntas, onde fomos beber um sumo de laranja e enfardar, dado que a comida que nos deram não era suficiente.
Entretanto ficámos demasiado cansadas e fomos para o quarto descansar. Estava eu, cheia de esperança de dormir muito nessa noite, quando a Poline me disse que o dia seguinte era para ir para Bruxelas, pelo que o pequeno almoço era às seis e pouco. "Raios, não é hoje que durmo o suficiente, amanhã vou estar a morrer!".

Vou publicando mais coisas quando tiver tempo, beijo!

P.S.: No meu grupo voltei a calhar com italianos (Miriana e Mattia) e com pessoas que falam italiano (Juliette), pelo que voltei a passar o dia em usar a minha segunda língua.

















terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ECTP (1-12-2013)

(01-12-2013)
Boa noite!

Como vos disse, fomos os escolhidos para abandonar o hotel de madrugada. E bem cedinho, para as horas a que nos deitámos. Já que vínhamos todos mortos da nossa última semana em Itália e da viagem, porque não abandonar o hotel às cinco e meia da manhã? E melhor, fazer atividades até à meia noite na véspera?
Acordei assim depois das 2/3h de sono, arrumei a mala e abandonei o quarto com a Maria. E, como era tão cedo, nem direito a pequeno-almoço no hotel tivemos, pelo que recebemos um saco de plástico com uma merendinha, aproveitando bem o luxo de dormir num hotel de quatro estrelas.

Entrámos então num autocarro que nos levou para o aeroporto de Roma, onde fomos logo fazer o check in. E com o check in vem o pesar das malas, e com o pesar das malas vem o medo de ultrapassar os 23kg. 23,5 kg, consegui passar sem pagar, uff! Mas somos sete, será que todos passam? Nenhum que não siga as regras, até que chega o Tomás. Que como mala de mão trouxe uma mala enorme, super inteligente. Foi barrado e, nas tentativas para arranjar solução, abriu a mala. Enorme, e vazia. Só com uma bola de futebol. Português? Nãããão.

Dado que estávamos no aeroporto duas horas antes do voo, decidimos ir dar uma voltinha, durante a qual a Sofia foi carregar o telemóvel e fomos comer, para não deixar espacinho nenhum para a comida do avião, que costuma ser deliciosa. E não é que, como era super cedo, nem as lojas tinham aberto? Dei então pela Sofia a gritar, de joelhos no chão, para uma senhora numa loja da vodafone semi fechada, a pedir para carregar o telemóvel. Carregamento feito, fomos comprar comida. E porque não um pequeno almoço de pringles de alho e uma coca cola? Enquanto comprava as coisas tive a falar com a senhora que, ao saber que não era italiana e que só tinha estado cá 3 meses, me disse que se fosse minha professora eu recebia um 10 como nota final!

E entretanto chegou a hora da viagem. E que viagem! Era a Sofia em pânico, com a bíblia à frente, enquanto nos apertava as mãos com imensa força, eu a comer as minhas pringles enquanto todas elas mandavam vir comigo por causa do cheiro e o Tomás sozinho no final do avião, a dormir tranquilamente. E a Sofia, para se tentar distrair, ainda começou a tentar desenvolver conversas entre nós, chegando aos assuntos mais ridículos como "Qual é o teu fruto de verão preferido?", enquanto nós queríamos era dormir.
Vim o voo todo a escrever o meu blog, tentando ignorar a Sofia. Reparei também que o avião vinha vazio, pelo que não percebi porque é que os outros não vieram connosco, se havia mais do que espaço.

Quando chegámos a Bruxelas fomos buscar as malas e fomos para a sala de chegadas, onde estava o Massimiliano à nossa espera, um voluntário da AFS Itália. Ele lá nos apresentou a rapariga que vinha da Islândia, disse que tínhamos de esperar pelo grupo que fui para a rússia e mandou-nos almoçar. Para comer fomos ao "Quick", uma cadeia alimentar belga que imita o McDonald's, vendendo exatamente os mesmos menus, mas com nomes diferentes.

Entretanto chegaram os da Rússia, que nós esperávamos com ansiedade. A ideia era fingirmos que éramos voluntários e começar a mandar vir com eles em português por estarem atrasados, mas acabámos por ficar à saída da porta a tentar adivinhar quem eram os da AFS durante séculos, pelo que ficámos muito contentes quando eram finalmente eles e não conseguimos mandar vir com eles. Da Rússia vinham cerca de 7, do qual só um era francês, e os outros italianos. Já todos juntos, o Massimiliano lá nos explicou como funcionava o campo em Bruxelas, que íamos estar divididos em dois campos paralelos e que só nos víamos 10 minutos na quarta-feira. E, como não podia deixar de ser, obviamente que fiquei separada da Sofia, com quem mais queria estar. Eu, a Maria Toscano e o Tomás fomos marcados com um D de Destelheide, enquanto a Maria Rebello e a Sofia com um H de Hanenbos.

No autocarro viemos a falar imenso com os italianos que estiveram na Rússia, felizes por termos alguém com quem falar na nossa nova língua (mal sabíamos o que nos esperava). Viemos também a falar dos dialectos italianos (Itália tem mil e um dialectos, mais ou menos um por cidade), e das diferenças de significados das palavras nas várias regiões. E descobri também que o Jhon (italiano que esteve na Rússia, mais precisamente na Sibéria), é de Parma, que é a 15 min de comboio de Reggio Emilia.
Depois de uma hora de viagem, lá parámos numa vilazita com um albergo, onde deixámos a Maria Rebelo, a Kristina, o francês, uns italianos e a Sofia. Continuando viagem, lá parámos 15 minutos depois, num outro albergo. Chegámos a Destelheide.

Como não era de esperar, fomos os primeiros a chegar. Deixámos as malas num canto e prosseguimos então ao check in. Primeiro receber o cartão de identificação, depois comprar o hoodie do campo, e depois escolher os workshops por ordem de preferência. Tudo feito, ficámos então sem programa para a tarde, dado que no horário a tarde estava ocupada com "Esperar que toda a gente chegue".
Entretanto eu e a Toscano encontrámos uma rede Wii-Fii, pelo que passámos a tarde toda agarradas ao smartphone, a matar saudades de Itália.

Quando o resto do pessoal chegou, decidiram então distribuir os quartos. Eu fiquei com o A10, um quarto de 6 pessoas: eu, a Erica (italiana que foi para a Eslováquia), a Federica (italiana que foi para a Suiça), a Polina (russa que foi para Itália), a Clara (belga que foi para a Letónia e a Sophie (belga que foi para a República Checa).
Antes de jantar fomos tratar da Facebook Wall, uma actividade que decidiram desenvolver durante o campo. Isto é, um envelope grande onde colamos uma foto nossa num modelo mesmo como o facebook (com foto de capa e assim), e para onde depois as pessoas podem enviar mensagens, tal como no facebook. Obviamente que eu não trouxe nenhuma foto para colar, pelo que acabei por desistir de fazer o envelope.

Às 18h, para nos relembrar que estávamos na Bélgica, fomos jantar. E, como se não bastasse relembrar uma vez, fizeram questão de o voltar a fazer com o conteúdo do jantar. Porque não só salada, massinha e pão integral? Não chega?
Depois de jantar tivemos uma hora livre, e depois uma cerimónia de abertura no plenário. Na cerimónia apresentaram as regras do campo, o objetivo, os voluntários e o programa. Quando a apresentação acabou, dividiram o grupo de 90 pessoas em grupos de cerca de 15, com quem íamos fazer a próxima atividade. O meu grupo ficou com o Ohmer, um voluntário da Turquia. Fomos então para uma sala, onde nos voltámos a dividir, desta vez em dois grupos. Entre estes dois grupos tivemos de fazer uma competição, que incluía fazer a maior torre de sapatos, passar por cima de um muro sem lhe tocar, fazer um vídeo para o outro campo, adivinhar a média de número de calçado do outro grupo e desafios assim do género.

Quando as atividades acabaram fui escrever uma dedicatória para a Zelda (uma turca que vive na Bélgica e esteve 3 meses em Itália), e depois fui para o quarto da toscano ajudar a fazer a cama. Cama pronta e tudo desabafado entre mim e a Toscano, vim para o meu quarto. Bem, deve ter sido dos sítios mais nojentos onde já dormi. Em que até os lençóis estão todos rotos.
A muito custo lá consegui adormecer, mas não durante muito tempo porque o pequeno almoço começa às 7h30. Odeio pequenos-almoços com horas limites!

Depois publico mais! Beijo!

P.S.: A Maria Rebello esteve 3 meses em Itália, enquanto a rapariga dessa família foi para a Bélgica. E, enquanto a Maria esteve fora, a sua família portuguesa acolheu uma rapariga italiana. Assim, a Maria tem duas irmãs italianas que queria conhecer no campo. Sorte das sortes, elas as duas ficaram no meu campo e a Maria no outro. Fiz então com que as outras duas se conhecessem que, apesar de não terem nenhuma relação entre si, foi giro.

P.P.S.: Passei o dia todo com o Kristján e não o ouvi a dizer uma única palavra. E nos três meses que esteve em Itália não aprendeu nada de nada.















sábado, 7 de dezembro de 2013

Festa de despedida 5! À quinta é de vez (30-11-2013)

(30-11-2013)
Boas!

Hoje, por volta das 7:45, o meu pai entrou no meu quarto para acordar a Anna para a escola. E qual não foi o seu espanto quando não a encontrou lá, mas só a mim e à Benny Magnani. Dissemos-lhe então que a Anna estava no quarto dela (achávamos nós) e ele lá foi procurá-la.
Entretanto a Benny levantou-se e vestiu-se, mas eu deixei-me ficar na cama. Às oito e pouco elas chegaram ao meu quarto (descobri que a Benny Rossi também dormiu aqui), já prontas, e disseram que iam tomar o pequeno almoço e tentar entrar na primeira aula, caso o professor deixasse. Fui então tomar o pequeno almoço com elas, mas quando elas foram para a escola eu fui tomar banho e arranjar-me. Por volta das 9h saí então de casa, rumo à escola. E qual a melhor forma de acabar esta experiência de 3 meses que não cair a caminho da escola? E ainda melhor, sozinha? Com pessoas a ver, e a rir?

Antes de ir para a minha sala fui ter com a Greta, a Anna Torlai e a Benny Mechetti ao pavilhão, onde estavam com a turma. Queriam estar um bocadinho comigo, tirar uma foto e a Greta queria dar-me qualquer coisa. Lá estive um bocadinho com elas e, quando estava a ir para a sala, abri o envelope que a Greta me deixou, com um bilhete, uma foto nossa e um colar de uma borboleta, o seu preferido. Mal acabei de ler, as lágrimas vieram-me aos olhos, mas não chorei.

Quando entrei na sala (a meio da aula de Matemática), todos me cumprimentaram com um feliz "Ciao Eva!". Sentei-me e fiquei a falar com a Ines (obviamente que não ia prestar atenção, nem coisas tinha).
Durante a aula recebi uma mensagem da Serra, que viu no facebook uma publicação do Churchill (rapaz africano da nossa turma de italiano com quem falei duas vezes e sem conteúdo nenhum) que dizia, num bom inglês: "i miss u a lot i no we are going to see 1 day may god help u. good buy. eva i miss u". Não têm noção do quanto nos rimos com o "Good buy", tanto que a Bonacini mandou-nos logo estar caladas.

Nos minutos para trocar de professor estiveram-me a escrever na bandeira de Itália, para ficar como recordação.
A terceira hora foi Italiano com o Pallai, na qual estivemos a estudar qualquer coisa que não sei bem o que foi. A meio da aula o Gigli bateu à porta e pediu para deixar os livros de física na sala, mas passado 5 minutos voltou para os tirar, dizendo que hoje não íamos fazer nada.
E no intervalo é que foi, as fortes despedidas começaram. Estava eu na sala com os meus colegas quando começaram a bater à porta para se despedir: colegas da 3^P, as miúdas do volley, a Arianna, a Benny, a Debora e assim.
Entretanto estive no computador da sala com o Marco, a Nicole, a Martina, a Ines, a Tamara e o Matteo e estávamos a ver fotos antigas deles, para nos rirmos um bocado. Até que decidiram começar a ver as minhas, mas felizmente não tinha nada de muito mau (por favor, não descubram o Hi5).

A quarta aula foi a festa, quando chegou o Gigli. E hoje tivemos direito a torta de maçã da mãe do Sillari, pedacinhos de queixo, sumos e vinho, como qualquer festa italiana deve ser. Lá fizemos um brinde e ficámos o resto da aula a socializar, a aproveitar o meu último dia. Enquanto os meus amigos me escreviam na bandeira, o prof chamou-me e disse-me que tinha uma prenda para mim: um livro de exercícios de Física feito por ele, que eu adorei (quando o lerem vão perceber porquê). Quem também se veio despedir de mim durante esta aula foi a 4^I, o que foi muito amoroso.

A aula seguinte foi Ciências, onde houve mais uma festa. Mais festas, mais prendas, e a Croci não pode deixar isto passar. Da minha prof de Ciências recebi um boneco de neve de enfeite, um bilhetinho, e um livro sobre Castelnovo antigo que eu adorei.
A Nico também me deu um bilhete, mas só o posso ler quando estiver sozinha.
Quando acabou a festa ficámos na sala a conversar um bocadinho sobre a juventude da professora, coisas que não sei se devo pôr no blog.

Quando a escola acabou, os meus amigos mais chegados ficaram um bocadinho mais na sala, para se despedir. Esperou-me a Benny M., a Greta, a Ines, a Nicole, a Tamara, a Matteo, o Marco, a Anna e o Gialla, que foram super amáveis comigo. Estivemos a tirar fotos para recordações e depois chegou a altura das despedidas. Enquanto me despedia de todos, a Nicole não parava de me abraçar, o que foi mesmo querido. E a Ines, na confusão dos abraços, meteu-me uma pulseira na mão e disse "Eu sei que é feia, mas deu-me tanta sorte para a escola. Espero que também te dê".

Despedidas feitas, lá fomos para casa, mas parámos a meio porque a Anna começou a pensar demasiado nisto tudo e a chorar, o que me deixa também a mim mal. Hoje o almoço foi com a nonna Conceta, e foi lasanha por ser a minha preferida. A nonna veio-me oferecer ainda um avental feito por ela para quando eu cozinhar em Portugal, embora isso não aconteça.
Depois disto fomos fazer uma videochamada entre a minha familia italiana e a minha familia portuguesa (Lucas, Hugo e Pai), em que o meu pai agradeceu todo o amor e o carinho com que me acolheram.

Tive também direito a uma prenda da minha família, um colar lindo com uma borboleta, porque eu também sou uma (palavras da minha mãe italiana), dois postais (um da mãe e um do pai) e ainda uma prenda para os meus pais em Portugal, que entrego quinta feira. Tive ainda direito a um postal do Tommi, que não vejo assim tantas vezes e que por isso foi muito especial.

Antes de sair de casa fomos ainda fazer fotos de família, porque não tínhamos nenhuma. E nada de melhor do que a nonna conceta para fazer a foto e fazer-nos rir.
Já com tudo pronto, lá abandonei a casa rumo a casa dos meus primos. O Tommi entretanto veio ter comigo e disse que não me podia levar a Bologna, e lá me tive de despedir dele. Abracei-o, dei-lhe um beijo e ele lá me disse que a próxima vez nos vemos num sítio quente, a autoconvidar-se para vir a Portugal.

Fui a casa dos meus primos dar um beijo a todos e lá fomos para o carro, rumo a Bologna. Durante a viagem estivemos a dormir, pelo que passou muito rápido.
Quando chegámos a Bologna (mais precisamente à estação), lá saímos e fomos para a sala de espera, onde esperávamos pelas horas do comboio. E entretanto entraram na sala de espera o Gregory, o Erland, o Taylor, a Anne, os Migueis, a Linde, a Isidora e o Chayakon, para se despedirem de nós (de mim e do Lenny). Aproveitei para apresentar a Anna aos outros e para estar com eles, mas às 17h40 tinha o meu comboio. Na linha encontrei-me com o Lenny, que vinha comigo.
Quando o comboio chegou, a Anna começou a chorar tanto, abraçando-me mesmo com muita força. Não sei como não chorei, mas só me despedi da minha família com um forte abraço.

No comboio começou a confusão das malas (demasiado grandes para aquele espaço), e começámos a entrar em pânico. E pior foi quando reparei que tinha o telemóvel da Anna (o Blackberry) no bolso, pelo que fui a correr para o devolver, atirando-o para o meu pai pela porta. Na carruagem conhecemos duas pessoas (a Julia de Espanha e o Maxime da Russia) que viemos a saber que também eram da AFS, e com quem era suposto irmos para Roma.

Entretanto passámos em Firenze, e fez-me lembrar a Toscano, que costuma falar sobre esta terra porque vivia lá perto. Também porque os meus amigos me disseram que é das cidades mais bonitas de Itália, e que eu tenho de ir lá.
Parámos em Florença e entra imensa gente, pelo que o corredor fica cheio. Olho para o lado e deparo-me com uma cara conhecida. Grito "Toscanooooo" enquanto me atiro para cima dela para a abraçar, ficando as duas super histéricas.

Quando o comboio parou em Roma lá fomos procurar o grupo da AFS, que nos ia levar para o autocarro. E para quê estacionar o autocarro ao lado da estação, porque não andar 15 minutos com malas com roupas para 3 meses?
Depois de 1 hora no autocarro, lá chegámos ao nosso destino final: Domus Mariae Palazzo Carpegna, um hotel de 4 estrelas com ar de palácio (digo isto porque é grande milagre a AFS meter-nos num sítio desta categoria).

Na entrada do Hotel, enquanto fazia o check in, ouvi berros e vi a Toscano no chão. E porquê? A Sofia e a Maria Andrade, mal souberam que nós tínhamos chegado, deixaram o jantar a meio e vieram a correr para nos ver. E, como não me encontraram porque não me reconheceram com o cabelo curto, saltaram para cima da Toscano.
Lá fizeram a distribuição dos quartos, e disseram-me que ficava com a Maria Rebello de Andrade, a tuga que esteve em Roma. Disseram também as horas do voo de amanhã, e porque não ir num voo diferente de toda a gente? Pois é, éramos cerca de 31 em Roma, 24 iam juntos num avião e 7 no outro, os tugas (Maria Toscano, Maria Rebello, eu, a Sofia Lopes e o Tomás Rio), o Kristján da Islândia e a Kristina da Sérvia. E como tudo o que é bom acaba depressa, disseram-nos que nós os 7 tínhamos de sair do hotel às 5h da manhã, pelo que quase nem o podíamos aproveitar, nem para dormir.

Entretanto fomos jantar, o que já não posso dizer que era tão bom. Sentei-me ao lado da Toscano e de uns estudantes com quem nunca tinha falado, mas com eles só comi o primeiro prato que era pasta com brócolos. O segundo já comi na mesa do Lenny, porque reparei que ele estava sozinho. E não sei dizer qual era o pior, se a pasta se a tentativa de lombo de porco.

Depois de jantar fomos todos para uma sala, onde estivemos a apresentar-nos, preencher documentos sobre a nossa experiência e a fazer actividades. Como nos temos de acordar cedo amanhã, viemos directos para os quartos, para descansar.
No quarto estive imenso tempo a falar com a Maria, escrevi o blog e agora vou dormir.
Desejem-me sorte para acordar amanhã.
Boa noite!