Boa noite!
Mesmo estando apertadíssima com tempo, tenho tentado arranjar uns espacinhos de forma a acabar este blog, que já está a demorar demasiado.
Como vos disse, o dia de Bruxelas chegou, e com ele chegou a viagem de uma hora. E com viagens longas vem acordar cedo, o que já não agrada a ninguém. Mas como nós não somos ninguém, tivemos de levar com as ordens e madrugar, de forma a apanhar o autocarro.
Fui sentada com a Juliette, embora não tenhamos falado nada porque aterrei 5 minutos depois de me sentar, pelo que nem dei pela viagem longa. Entretanto acordei quando estávamos a chegar a Bruxelas, e tive a oportunidade de ver aquelas ruas lindas ainda com um sol por nascer, ficando com uma luz incrível.
Depois de termos saído do autocarro e termos feito uma mini caminhada lá chegámos ao parlamento europeu. Ali ficámos séculos ao frio, até que alguém nos viesse abrir a porta. E, em vez de irmos visitar as instalações como os turistas normais, fomos para uma sala de conferências onde tivemos a oportunidade de falar com duas pessoas importantes que lá trabalham, e que por acaso são ex-AFS'ers. Um conselheiro, um italiano que foi para os Estados Unidos, e uma austríaca, a patroa dele, que também escolheu o mesmo destino. Com eles estivemos então a falar de como chegaram ao lugar que ocupam agora, e como é o seu trabalho agora que têm empregos tão importantes.
Enquanto estávamos a ouvir o que eles diziam, começámos também a ouvir muito barulho do lado de fora da porta, e imaginámos o cenário. O outro grupo chegou. E, mesmo sabendo que estavam a uns metros de nós, não podíamos ir ter com eles, só à hora de almoço, e durante 10 minutos.
E quando saímos é que foi. Dois grupos de 90 pessoas, loucas para se verem e abraçarem, mas com seguranças no meio que entravam no abraço de dois desconhecidos. Juro-vos que nos sentimos famosos a sair do palco, enquanto ouvíamos berros e raparigas a gritar para nos tentar agarrar.
Quando saímos do parlamento seguimos viagem para o Parlamentorium, o museu mais secante do mundo. Depois de uma hora com um guia em italiano ao ouvido (fiquei super orgulhosa por perceber tudo), desistimos e fomo-nos sentar no primeiro banco que vimos. E entretanto comecei a falar com uma italiana que foi para a Alemanha, e entretanto descobri que era a Eleanora, a italiana de quem tanto me falou a Rosa. Apresentei então a Eleanora à Ann-Sofie, dado que têm a Rosa como ligação.
Chegando ao fim do museu (aleluia!), fomos almoçar no bar deste mesmo, pelo que não podíamos esperar por muito. E as expectativas estavam corretas, o almoço foi uma sandes com tomate e rúcula e um muffin no fim, que acabou por ser o que me encheu mais.
Depois de almoçarmos fomos para fora, reunir em grupo. E a cada grupo dos nossos juntou-se um grupo dos outros, prontos a fazer o flashmob. Ou flashfail, como quiserem. Tudo nas posições corretas e alguém grita "I feel European because!", e nós levantámos todos os cartazes, mesmo que as instruções não fossem essas. E repetimos isto 3 vezes, até darem por encerrado esta coisa a que deram o nome de flashmob mas que não teve nada disso.
E, com 10 minutos disponíveis, tivemos oportunidade de encontrar todas as outras pessoas do outro grupos. 10 minutos para abraçar velhos conhecidos, ou fazer novos amigos. Houve também quem aproveitasse para estar com os do mesmo grupo, mas eu fui ter com as minhas amigas portuguesas, que entretanto reunimos com os que foram para Portugal, com o objetivo de tirar uma foto com todos os que falavam português, embora não tivessemos encontrado a Toscano a tempo. A Bárbara (portuguesa que foi para a Áustria) ainda me apresentou a Sara, uma belga que foi para Cascais. Fizeram questão de me apresentar esta rapariga em particular porque, numa das refeições do campo, elas estavam a falar de algo nojento e ela respondeu "Foda-se, 'tou a comer", mesmo à portuguesa. Descobri também que, durante os 3 meses que esteve em Portugal, foi muito próxima da Carolina Meira e da Carlota Cardoso, duas amigas minhas de Cascais.
Foto de grupo feita, 10 minutos contados, voltámo-nos a dividir nos Re-groups para iniciarmos a nossa volta turística por Bruxelas. E, como não podia deixar de ser, dirigimo-nos até ao Manneken Piss, o que desiludiu muitos dos que nunca o tinham visto, estando à espera de algo muito maior. Mas, no caminho para o famoso rapaz a fazer xixi, ainda parámos para comer um Waffle com chocolate, não fossemos nós desperdiçar a oportunidade de enfardar.
Manneken piss visto, fomos para a Grand Place com o grupo, onde nos encontrámos ainda com outros. E aí vieram as boas notícias: quase duas horas livres para andar por Bruxelas, sem voluntários. Rapidamente nos juntámos num grupo interessante: eu, o Jhon Piccione (Itália-Rússia), a Elena Maria Puri (Itália-Alemanha), o Gunnar Theunis (Bélgica-Turquia), o Blaz Damjan (Eslovénia-Bélgica), a Miriana Volpe (Itália-Rússia) a Chiara Campolmi (Itália-Turquia), a Sarah Fasoli (Itália-Polónia) e o Daniel Ríha (República Checa-Alemanha). E, todos juntos, decidimos provar as quatro coisas mais belgas: waffles (este já estava feito), chocolate, batatas fritas e cerveja, pelo que nos despachámos logo, dado que tínhamos um longo percurso para fazer.
A primeira paragem foi um café chamado "Espanhol", com um aspecto bastante engraçado. Entrámos e deparámo-nos com uma senhora de 80 anos a servir à mesa, e um cliente também com uns 80 em cima, sentado numa cadeira de rodas e a soro. Eu e o Jhon ficámos logo encantados com o ambiente, e fomos perguntar se vendiam cervejas, até que percebemos que a senhora não falava inglês, só francês ou espanhol. Lá meti os meus dotes de espanhol a funcionar, mas a senhora disse que não tinham, pelo que tivemos de abandonar o nosso novo café preferido.
O café seguinte foi o "Le Fontainas", um bar com muito bom aspecto que nos chamou logo a atenção. Pedimos uma Duvel cada um e lá ficámos a conversar, até que eu reparo no aspecto demasiado bom que aquilo tem, tendo em conta que só trabalhavam homens lá. "Pessoal, eu acho que isto é um bar gay, reparem nos quadros com as borboletas, nos vários grupos de 2 rapazes que estão sozinhos numa mesa, nos bules para o chá todos bonitinhos, na música clássica", e cada um começou a reparar nas várias coisas. Nos clientes a entrar e a cumprimentarem-se com um beijinho na bochecha, num outro a fingir que era uma borboleta. Um bar gay, pensámos nós.
O segundo (ou terceiro) objetivo foram as batatas fritas, mas esta tarefa foi complicada, porque o Blaz, sendo o seu último dia na Bélgica, queria comer um hambúrguer em específico, pelo que tivemos de andar a girar todos os restaurantes de fast food que encontrámos. Até que chegámos a um que os vendia e abancámos. E, enquanto comíamos as óptimas batatas fritas, começámos a ver os outros grupos a passar, todos em direção ao ponto de encontro. Lá nos despachámos e, deixando ainda algumas batatas por comer, deixámos o restaurante.
Apesar de estarmos atrasados, eu e o Jhon concordámos que não podíamos abdicar do chocolate belga, pelo que fomos a correr comprar o primeiro que vimos, acompanhado também de Speculoos para mim.
Dez minutos depois da hora lá estávamos nós no ponto de encontro, enquanto os voluntários já nos estavam quase a ligar para saber onde estávamos. No caminho para o autocarro vim a falar com alguém sobre o nosso possível bar gay, até que a Anna, uma voluntária italiana que agora vive em Bruxelas, se meteu na conversa e nos esclareceu as dúvidas. O "Le Fontainas" é, de facto, o bar conhecido por ser o bar mais gay de Bruxelas, estando nós corretos.
No autocarro vim com a Adél Horváth, uma rapariga Húngara que foi para Corroios, em Portugal. Embora eu goste muito da miúda e seja muito interessante, nenhuma de nós aguentou e viemos o caminho todo a dormir.
Quando chegámos ao albergo era hora de jantar o que, em vez de me meter água na boca, me tirou. O jantar hoje era chamado de "massa à bolonhesa", mas nem sei bem dizer o que é que aquilo era. Tentei comer duas garfadas, mas desisti logo e acabei por não jantar, contente por ter comprado as bolachas em Bruxelas.
Entretanto fomo-nos reunir com o Re-group, para falarmos de como nos estávamos a sentir naquele dia, do que tínhamos achado da organização do dia e das atividades.
O programa da noite foi muito engraçado: Boombal, dança folk com direito a banda ao vivo. Um senhor lá nos explicou a dança e lá estivemos nós, a noite toda a dançar, sempre a trocar de par e assim a conhecer mais gente. E foi assim que eu conheci a Merel Staes, uma belga que foi para a Turquia. Apesar de eu não gostar de dançar, esta noite foi mesmo divertida, e fiquei feliz por ter arriscado.
Depois da dança acabar, fui para o quarto da Maria Toscano para ela não estar sozinha no quarto enquanto tomava banho (era um problema, porque eram quartos de 6 pessoas com direito a 1 chave).
Ainda passei no bar, bebi mais um minute maid, ouvi um bocadinho de música enquanto os via a dançar (fizeram uma pista de dança) e entretanto fui para a cama, dado que estava morta.
Boa noite, amanhã talvez vem mais!
P.S.: Só cinco minutos antes do flashmob é que reparámos (a Clara) que o meu cartaz tinha uns certos erros, dado que dizia "I feel european because I'm 1/2 Portuguese, 1/2 Dutch and 1/2 Italian". Arranjámos assim uma desculpa rápida caso me perguntassem e até ficou bem interessante: Eu sou meia portuguesa e meia holandesa de nascença, mas com esta experiência que fiz tive a oportunidade de crescer e tornar-me mais do que uma pessoa, e esse bocado que cresci é italiano. Há soluções para tudo.

















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