Daqui a dois dias faz dois meses que estou aqui em Itália, o tempo voa!
Hoje foi mais um dia daqueles que me mata, sendo que saí de casa às 7:50 e só voltei às 19:50.
A primeira aula era educação física, mas não me apetecia suar logo à primeira hora sabendo que depois da escola ia directa para Reggio, pelo que disse que estava um pouco mal da barriga. O professor, sempre atencioso, ia-me perguntando como me estava sentindo, e disse que eu podia ter ficado em casa. Disse-lhe que não queria faltar à escola, e ele começou a dizer o quão exemplar eu era como aluna que, mesmo doente, vinha para a escola, enquanto eu me ria interiormente a pensar "e nem doente estou".
Quando entrámos no pavilhão vi o quão bem fiz em escolher o dia de hoje, dado que iam fazer um teste de resistência. Assim, enquanto eles davam voltas ao campo a correr, eu limitei-me a ficar na mesa a apontar a distância percorrida por cada um, e a consequente nota.
Na segunda hora da aula foi volley, e aí já fiquei um bocado mais triste por não ter feito aula, mas pelo menos estive atenta ao jogo (a marcar os pontos) e a falar com a Shelsi e a Erica, o que foi muito agradável.
Depois da aula fui comprar uma coca-cola (só para aproveitar a oportunidade de comprar coca-cola numa escola) e fui com elas para a sala, onde íamos ter Italiano. Foi mais uma aula de interrogação, pelo que o Silari e o Matteo foram para a secretária do professor e o resto da turma esteve a fazer o que queria, enquanto eu jogava Zombie Tsunami. Isto é uma doença, e eu culpo a Benny todos os dias por ma ter passado.
No intervalo aproveitei para ir meter a minha mochila na sala da 4^I (turma da Anna), com quem ia fazer aula de Scienze. Mochila posta, fui ter com o Marco e a Martina T. que estavam à minha espera à porta da sala e fomos para baixo. Passeámos um bocado pela parte de fora da escola e depois fomos ter com outras pessoas (entre eles o Andrea que fez AFS). Entretanto passou a Greta, pelo que fui falar com ela. Sábado à noite ela piorou muito do problema que tem no joelho e agora está de muletas, pelo que estivemos a falar disso imenso tempo, porque eu estava preocupada.
Na sala, antes da aula, estive a falar um bocado com o Gialla, com quem já não falava há muito tempo.
A aula de Chimica foi passada a jogar zombie tsunami (na meia hora que a stora passou fora e dentro da sala a fazer chamadas) e a outra a aprender a acertar equações químicas. Mentira, obviamente que não ia estar com atenção a uma professora a ensinar coisas que aprendi no 8ºano, pelo que continuei com o meu Zombie Tsunami.
Tocou e eu lá troquei de sala, para a 3^P (turma da Greta), onde ia ter Matemática. Desta vez havia um lugar mesmo ao lado da Greta, o que foi óptimo, porque com ela posso estar à vontade. Estivemos grande parte da aula a corrigir o teste que fizeram na semana passada, e o resto a começar a estudar Sucessões.
Quando tocou a Greta disse-me que afinal não ia de autocarro porque, como estava mal do joelho, o pai a vinha buscar. Mesmo assim desci com ela (usufruindo do elevador para incapacitados, juntamente com o Giallo (que torceu o pé enquanto dançava sozinho em casa) e o Matteo B. que, como eu, estava a fazer de "acompanhante".) Fomos juntos até à paragem e depois despedi-me, porque tinha de entrar no autocarro.
Já não andava sozinha no autocarro há algum tempo, pelo que fiquei um bocado atarantada. Sem a Greta (que conhece toda a gente) não tinha lugar, pelo que me meti em pé no meio do corredor. Felizmente um rapaz foi suficientemente simpático para tirar a mochila dele do lugar livre ao seu lado e disse-me que me podia sentar. Passei a viagem a ouvir música portuguesa enquanto dormitava, pelo que ele me teve de acordar quando chegámos à sua paragem. No início vim a observar um bocadinho da paisagem, que é belissima.
Cheguei à estação e fui para o McDonald's, onde me fui encontrar com elas. E, em vez de encontrar o Cedric e o Agustin com as raparigas, encontrei dois colegas de turma da Cille, o Francesco e a Emma. Pedi o meu hamburguer e, no meio da minha depressão por já não virem mais minions mas sim smurfs, chegou o Cedric e o Agus. E a depressão foi-se logo embora quando olhei para o cabelo do Agustin. Pois é, os meninos andam com a mania que querem um penteado italiano e às vezes corre menos bem, o que foi o caso.
Depois de muitos olhares de gozo trocados entre mim e a Serra, lá decidimos ir para a escola de Italiano. Vim o caminho todo a falar com o Cedric, que é das melhores partes da semana. Conheço-o há tão pouco tempo mas já o sinto tão parte de mim, e felizmente ele é da Bélgica e posso visitá-lo (e ele a mim) quando quisermos. Reencontrámos um carrinho de compras abandonado e estivemos quase quase para o levar, não fosse ter uma casca de banana dentro e um polícia estar a passear por lá. Poucos metros depois descobrimos também o motivo dos carrinhos de compras espalhados, um supermercado árabe que, em vez de ter os seus próprios, rouba dos outros e deixa-os lá espalhados.
Chegámos à aula e, depois do professor chegar com o seu atraso habitual, começámos a aula. Hoje estivemos a treinar a memória linguística, a aprender as descrições físicas e psicológicas, a aprender um pouco mais de vocabulário e treinar conversas. O cabelo do Agustin foi obviamente motivo de riso durante a aula toda, e procurávamos sempre usar isso como tema nos exercícios. Até que o professor me chama a mim e a ele para fazermos mais um daqueles teatrozinhos, desta vez com um guião criado na hora e por nós. Estou eu na rua e um senhor argentino vem-me perguntar onde há um cabeleireiro e eu, em vez de dar as indicações, só consegui dizer "não sei, mas procure bem porque precisa mesmo", enquanto me ria.
Na última aula, a meio da aula, uma senhora qualquer veio entregar um café ao professor. Obviamente que o meu pensamento e o do Cedric foi logo "They are fucking" (peço desculpa por algumas coisas que escrevo aqui mas o meu primeiro objetivo com este blog é descrever os meus dias aqui para mais tarde recordar, pelo que às vezes há coisas menos bonitas que quero escrever), enquanto nos ríamos.
E hoje, a meio da aula, entra uma funcionária gordinha (bastante gorda, vá, uma bolinha-só acrescento o "-inha" porque ela é bastante simpática para nós, caso contrário era um "-ona") e dá um café ao professor. Não imaginam mesmo a minha reação, juntamente com o Cedric. Rimo-nos tanto tanto tanto que fiquei daquele vermelho assustador, enquanto chorava.
Entrou também uma outra professora que esteve a falar connosco de algumas coisas da actualidade, entre elas esta nova decisão do Maduro (presidente da Venezuela) que, para deixar o seu povo mais feliz, mudou o Natal para Novembro. Quer dizer, quem não fica feliz por um Natal antecipado? Acho que é completamente a atitude que todos os presidentes dos países em crise deviam tomar! É a solução! Se não é para a crise, pelo menos é para a felicidade!
A meio da aula recebi uma mensagem do meu pai verdadeiro no facebook que me dizia "Ciao ciao, ontem estive a ver o Magnani no Street View e penso que encontrei. Éno início de uma praça e tem uma esplanada, não é?", que mostrei à Serra e partimo-nos a rir. Pois é, é verdade, a paixão do meu pai pelo Google Earth nunca passou, e agora anda me a perseguir por lá. Há uns anos atrás (quando aquilo era uma novidade), a minha mãe estava na cozinha e chamou para jantar, ao que o Sr. Luis Carvalho respondeu "Já vou, agora estou em Hollywood", e lá estava ele, em frente ao computador, a passear pelas marginais americanas.
Quando a aula acabou, voltámos à estação onde íamos apanhar o autocarro para o centro. Vim o caminho a falar com a Iris, que me contava alguns problemas que tinha com a família dela.
Enquanto atravessámos a China Town o Cedric desapareceu e, enquanto alguns de riam à sua procura, eu estava a entrar em pânico. Mas não demorou muito até ele sair de trás de um caixote de lixo, a dizer "Queria ver quanto tempo demoravam até notarem que eu não estava aqui.". A verdade é que, depois do Manu dizer que é uma rua desagradável e que não devemos parar para falar com ninguém, eu morri de pânico quando não vi o Cedric. Também por ter aquele cabelo louro louro quase branco que faz com que seja impossível de fingir que é italiano.
A Iris, apesar de ter recebido uma mensagem da família a dizer para ir para casa imediatamente depois da aula, armou-se em rebelde e veio connosco para o centro. E ainda mais rebelde fui eu que, pela 1000000ª vez, andei de autocarro sem bilhete, arriscando-me a pagar 60€.
Saímos do autocarro e seguimos o Cedric para uma gelataria, onde todos nos apaixonámos. Por 2,50€ comprámos um gelado com três sabores e ainda com a oportunidade de meter chocolate no fundo do cone, delicioso. Hoje escolhi um gelado de nutella, yogurt e chocolate belga, por esta ordem. Mas a empregada decidiu alterar e ficou então yogurt, nutella, chocolate belga, pelo que quando cheguei ao cone já estava mais do que farta de chocolate e acabei por mandar para o lixo.
Entretanto o Agustin teve de se ir embora, e nós fomos em direção a Porta Castello, onde eu ia apanhar o autocarro. Ou pelo menos era a ideia. Em 5 minutos demos por nós numa praça super moderna com uma escultura daquelas modernices abstratas que não dizem nada a ninguém, que nenhum de nós conhecia. O Cedric lá pediu indicações para o sítio correto e andámos durante mais 15 minutos até chegar lá. Mas no caminho perdemos a Cille, a Serra e a Iris que estavam a vir connosco porque pensavam que íamos para a Estação e que, quando descobriram que não era esse o nosso destino, tiveram de improvisar um caminho. Já eu e o Cedric andámos e andámos por ruas que pareciam todas iguais, sem nenhum de nós saber bem onde estava. Felizmente chegámos são e salvos à paragem e ainda consegui apanhar o primeiro autocarro, que estava 5 minutos atrasado.
Vim o caminho todo a jogar Zombie Tsunami (descobri uma maneira de não ficar enjoada e estar entretida) até Castelnovo. Cheguei, vim para casa e vim publicar o post de ontem.
O jantar hoje foi uma sopa italiana e o segundo prato carne com puré. Para sobremesa tivemos as típicas uvas e as castanhas, que são sempre deliciosas. Quando acabámos eu fiquei na cozinha a lavar a louça e depois vim para o meu quarto supostamente para estudar, embora nem tenha aberto os livros.
Hoje recebi a confirmação de uma notícia que me deixou muito feliz. A Sofia (uma amiga minha que está a fazer o trimestral em Genova), quando voltar para Portugal, em vez de continuar a viver em Lisboa com os pais, vai viver para a Anadia com os tios, pelo que fica muito mais perto de mim. Assim podemos combinar e passar a tarde juntas em Coimbra, que fica a meio do caminho. É muito boa notícia, não só por ser uma boa amiga minha, mas por ser alguém que passou por uma experiência semelhante (mas nunca igual) à minha e com quem posso falar, seja em Português ou em Italiano.
Em relação a mim e ao Italiano, somos cada vez mais amigos. Já só uso o Inglês para falar com os meus amigos da Intercultura, e há pessoas que, quando tenho conversas muito muito curtas com elas, não acreditam que não sou Italiana. O Português e o Italiano são muito parecidos, mas também tá umas tantas palavras que não têm nada a ver. Para mim as piores são as começavas por "sc", "sp", "sb" e assim... "Sbaglio" (erro), "scegliere" (escolher), "svegliar" (acordar) e por aí em diante.
Curiosidade:
Quando os italianos atendem o telemóvel dizem "Pronto?" (que equivale ao nosso "Estou?" ou ainda mais utilizado "Tou?"). Eu, sempre sempre sempre que ouço alguém a atender o telemóvel assim, penso que está a perguntar ao outro se está pronto, e fico a pensar para que coisa é que deve estar pronto.
Vou estudar trigonometria e dormir, beijo!
Guess who got caught in the bus without a ticket... 40 euros de multa e queriam-me levar á policia por não ter passaporte!
ResponderExcluirOpa que lindo. Juro-te, adoro as tuas aventuras com os policias
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