Ciao!!!
Como estão? Hoje o meu dia foi enooorme, mas voltei a adorar.
Hoje de manhã acordámos para ir para a escola mas, como estávamos atrasadas, fomos de boleia com o nosso pai. A minha primeira aula foi Filosofia e não faço a mínima ideia do que estivemos a falar, embora estivesse a tentar ouvir.
Depois desta aula, tivemos ciências. Este ano em ciências só damos química, então não é grande problema para mim. Hoje demos as passagens dos estados físicos (é verdade...) e os métodos de separação de misturas, enquanto observávamos uma destilação. Nesta aula sentei-me ao lado da Giulia, com quem nunca falei muito. Ela foi impecável comigo e disse que, sempre que precisasse, podia falar com ela.
Depois da aula de scienze tive aula de inglês, ao lado da Ines. Nesta aula estivemos a fazer mais exercícios de tempos e modos verbais (ainda não fizemos outra coisa desde que começou o ano lectivo).
Depois de inglês veio o massacre, duas horas de arte. Sorte a nossa quando o professor entrou na sala com uma televisão. 5, 10 minutos a ajustar a televisão, desliga os cabos e tira a televisão de lá. Passam-se mais 5 minutos e ele entra com uma ainda maior. (Estávamos à espera que ele também a tirasse e voltasse com uma ainda maior, mas isso não aconteceu.)
Nesta aula o Marco senta-se sempre ao meu lado, então desta vez trouxe uma mesa e uma cadeira e juntou-se a nós. Depois do stor introduzir um bocado sobre restauro de quadros, começou a passar o filme. E, para minha sorte, sentou-se atrás de mim. Perfeito, deu para dormir durante uma bela hora e meia. O Marco disse que acordei várias vezes como se tivesse apanhado um susto, e que o tinha assustado a ele. Disse-me também que foi a primeira vez que esteve ao lado de alguém a dormir durante uma aula. Quer dizer, comem, saem e mandam mensagens. Mas dormir que é bom, nada?
No final dessa aula estive também a "parlare italiano" com o Marco, em bilhetinhos. Estive a praticar a escrita e é bom porque ele corrige todos os erros que faço. Entretanto ele saiu da sala durante um bocado e, quando voltou, ofereceu-me um cartão para usar na fotocopiadora cá da escola. Parece muito dispensável e sem valor, mas aqui dá imenso jeito ter um cartão destes, ainda mais com 125 fotocópias incluídas. Obrigada Marco! (Também lhe ensinei o significado de "obrigada").
Quando o dia de escola acabou fui ter com a Anna, que me ia deixar na paragem de autocarros. Sim, porque hoje foi o primeiro dia em que tive de ir sozinha para Reggio, para a minha aula de italiano. No caminho para lá, a Anna lembrou-se que tinha deixado o meu passe em casa, e que não fazia ideia de como usar aqueles autocarros. No meio da confusão ela e a Ariana disseram-me para entrar no autocarro sem bilhete porque eles nunca controlam e, se controlassem, para dizer "Eu não falo italiano, cabrão de merda" (peço desculpa pelo palavreado). Obviamente que lhe disse que não fazia isso, então lá comprei um bilhete ao senhor, deixando com ele 6€ da minha alma para um bilhete só de ida. "Vá, pelo menos durmo uma hora.", ai dormes, dormes. Vais é a primeira meia hora em pé num autocarro cheio de adolescentes que moram nas terras vizinhas a castelnovo, que gritam em vez de falar e por uma estrada às curvas. E enjoa um bocadinho, por favor.
Fiquei incrivelmente chocada com a má educação de algumas pessoas porque, enquanto havia duas ou três senhoras de idade a viajar em pé como eu, os adolescentes sentados não fizeram nada de nada para alterar isso. Para além disso, quando o autocarro começou a esvaziar, os adolescentes que tinham lugares sentados usavam o lugar ao seu lado para os pés ou para a mochila, mas nunca para outras pessoas.
Como estava a ver que ia passar uma hora sem fazer nada de produtivo, liguei à Maria Toscano e estivemos a partilhar um bocado das nossas experiências.
Quando cheguei a Reggio, sentei-me num banquinho num jardim e comecei a almoçar uma sandes que preparámos em casa. Mas antes liguei à Bárbara (voluntária que nos anda a dar aulas de italiano) a dizer que já tinha chegado e que ia ter a casa dela. Pá, a verdade é que enquanto andava, mais desconhecia a rua. Até que me perdi. Sim, devia ter estado com atenção enquanto a Anita me ensinava o caminho, mas estava a falar com o Cedric e não dei muita importância. "Vá, não há problema, ligo aos AFS'ers de Reggio que almoçaram juntos e eles vêm-me buscar." Lá lhes ligo e, no meio de uma risota, disseram que já estavam a caminho. Entretanto voltei para a rua principal, em frente ao hospital, para ter alguma referência. Já tinham passado cerca de 15 minutos quando a Bárbara me liga, meia preocupada meia zangada, a perguntar onde estava. Disse-lhe que estava em frente ao hospital à espera dos outros estrangeiros. Até que ela começa a mandar vir comigo porque eu lhe tinha dito que ia ter a casa dela e que já estávamos atrasados. A verdade é que nunca lhe disse a que horas ia ter a casa dela, e a aula estava marcada para as três. Entretanto disse-lhe também que estava meia perdida e, que se os AFS'ers não me viessem buscar, não conseguia ir lá ter. Lá veio ela de bicicleta para me indicar o caminho. Explicou-me o caminho e voltou para a casa de bicicleta, mais rápido que eu, para estar em casa caso os outros chegassem.
Aproveitei que desta vez sabia o caminho para fazer um filmezinho dele, para quando voltar a precisar. Mas a parte mais engraçada do vídeo já nem é o motivo dele, mas sim a chegada de um grupo de 5 rapazes de 13-15 anos (1 mais à frente que os outros) de bicicleta, que começou a falar comigo.
-"Voglio parlare con te" (Quero falar contigo);
-"Io non parlo italiano" (Eu não falo Italiano);
-"Non, non credo" (Não, não acredito);
-"I swear, I'm not Italian and I don't speak Italian" (Acho que não precisava de tradução, mas aqui vai: Juro, não sou italiana e não falo italiano);
-"Ahh, parlate inglese? Bene, anch'io!" (ahh, falas inglês? Boa, eu também);
desta vez eu não falei, limitei-me a continuar a andar,
-"What's your name?" (Como te chamas?);
-"Look, I'm in a hurry and I have to go. I'm late for school, bye" (Olha, estou com imensa pressa e tenho de ir. Estou atrasada para a escola, adeus)
Isto tudo enquanto eu continuava a andar para casa de Bárbara, e eles a acompanharem-me de bicicleta.
Quando cheguei ao destino já la estava a Iris, que tinha chegado à uma e meia. Entretanto chegou a Cille, a Serra, o Cedric e o Agustin que, mal me viram, começaram a gozar comigo por me ter perdido.
Na aula não fizemos nada de específico, estivemos foi a falar sobre as nossas host countries, as pessoas e a crise, em Italiano. Durante esta conversa descobrimos que a Cille, da Dinamarca, não sabe onde é Portugal. E, quando eu lhe disse que brasileiro era português, ela respondeu-me "Sim, claro, como espanhol é dinamarquês". Auch. Descobrimos também, pela Iris, que os habitantes de Honk Kong não gostam de chineses.
Durante a aula eu e o Cedric estivemos a observar o Agustin, que parecia um autentico autista. Passou uns cinco minutos da aula agarrado às pernas e a balançar, o que lhe deu tal alcunha. Depois disso olhámos para ele e estava, com cara de parvo, a dar chapadas a si próprio. Eu e o Cedric não nos controlámos e tivemos o maior ataque de riso desde que cheguei aqui a Itália. Aquele em que fico 10 minutos com a cara de um vermelho forte, vocês sabem. Felizmente não fui a única porque o Cedric, também sendo nórdico como eu (Sim, acho que devo agradecer esta minha característica às minhas raízes holandesas), ficou igualmente vermelho.
Depois da aula quis ir dar uma volta com os AFS'ers, porque como eles são todos da cidade estão sempre juntos e eu não, porque vivo nas montanhas a uma hora de distância. Enquanto estava com eles liga-me a minha mãe a perguntar onde estava e em que autocarro ia, e depois a minha irmã. E depois outra vez a minha mãe, e a minha irmã. E depois de casa. Pela entoação percebi que não estavam muito contentes comigo porque tinha de apanhar o autocarro numa paragem que não conhecia dado que me tinha afastado da que usei para vir. E disseram vezes sem conta que era muito melhor voltar ao hospital. Mas a pé já não dava tempo. Eram 17:40h e o autocarro era às 18:06h, e o caminho ainda demorava. "Ok, apanho na tal estação que não conheço, não pode correr muito mal." Até que o Agustin aponta para trás de mim e diz que o autocarro que ele costuma apanhar para ir para casa estava a chegar, e que parava no hospital. "A sério? Mas também não chegamos a este a tempo..". Não não chegamos. O Agustin pega nas coisas dele e desata a correr, e eu sigo-o. Entrámos no autocarro e ele confirmou com o motorista que parava no Hospital. Enquanto descansávamos um pouco neste autocarro olhei para o telemóvel e tinha chamadas e mensagens do Cedric. Ligo-lhe e ele só me diz "Não vais conseguir, quando chegares lá o teu autocarro já foi". Eu concordava com ele mas olhei para a cara do Agustin, super calmo, e disse-lhe que íamos conseguir. Até que começamos a ficar parados num vermelho, e noutro. E o tempo passa. E aí o Agustin também conheça a ficar nervoso. Entretanto liga-me a minha mãe para saber o que se passa. Digo-lhe que estou num autocarro a caminho do Hospital, onde apanho a carreira para a minha terra. Acho que ela ficou super preocupada porque pensava que eu estava sozinha, e teve-me a explicar que o sítio onde este parava não era o mesmo de onde o outro saía, que nem era a mesma rua. Disse que sabia e que o Agustin estava comigo, e ela relaxou um bocado. Entretanto chegámos ao destino final deste primeiro autocarro, e tínhamos cerca de 5 minutos para ir ter à estação do outro. Voltámos a correr imenso, e lá chegámos. A verdade é que o autocarro não era às 18h06, mas sim às 18h11, então lá ainda estivemos à espera do autocarro.
Agradeci imenso ao Agustin, porque se ele não tivesse comigo eu não teria conseguido fazer isto, obviamente.
Entretanto chega o autocarro e lá vou eu. Mas desta vez com mais de metade do autocarro vazio. E os lugares ocupados eram velhos. Agora é que me soube a Lousã. Aquelas quartas-feiras quando eu tinha de correr depois da explicação em Coimbra para apanhar o autocarro para a Lousã. E a viagem foi exatamente igual a uma dessas. Cheia de montanhas, cheia de curvas. Aproveitei a viagem para ligar à minha conselheira e contar a história, ao que ela respondeu que não devia estar com medo que a minha família estivesse chateada, porque provavelmente só estariam preocupados. Também me contou que para a semana, antes de ir para o campo no Cesenático, devo ir dormir uma noite a casa dela. A ideia agradou-me imenso, gosto da companhia dela.
Tivemos também a nossa primeira conversa em Italiano, e ela ficou muito contente por mim.
Entretanto cheguei a casa, sã e salva, e fui tomar um duche. Mas antes, quando cheguei ao quarto, encontrei a segunda encomenda de Portugal. Shampoo, cortisona, botas e a minha roupinha. Obrigada! Depois do duche fui jantar só com os meus pais, porque a Anna estava no ginásio. O jantar foi bife com batatas, e estava delicioso. Quando acabámos de comer, a Anna chegou e fomos estudar um bocado de matemática, mas desistimos facilmente. E começámos a fazer biscoitos de manteiga, com uma receita portuguesa. Para mim estão demasiado doces, mas ela diz que estão pouco doces. A verdade é que nenhuma de nós gosta muito, não saíram bem.
Combinámos agora um pacto. Nenhuma de nós pode falar Inglês. Se ela fala, mando-lhe uma chamada, e comigo a mesma coisa. Mal vejo a hora para falar Italiano à vontade!
Quero mandar um beijinho muito grande à Filipa que faz anos hoje e deve ser um dos primeiros anos (desde há uns anos para cá) em que não vou estar com ela neste dia. Quero também mandar um beijinho de parabéns à Maria Miguel Cardantas e à minha avó. Tanti auguri!
Beijo a todos, Eva
Nenhum comentário:
Postar um comentário