Hoje o dia começou mesmo bem, e continuou assim até agora. Adivinhem. Quando fui para tomar duche, não havia água quente, pelo que não arrisquei a lavar o cabelo.
A caminho da escola voltei a cair, mas desta vez sem rasgar as calças. Hoje não deitou sangue, mas dói mesmo muito, ainda por cima porque foi no mesmo joelho de ontem.
A primeira aula foi Matemática, em que recebemos os testes. Não sei como, mas tive 9-, o que é óptimo. O resto da aula estivemos a estudar "formule goniometriche", que ninguém percebeu nadinha.
A segunda aula foi Italiano/Latim, durante a qual o Pallai esteve a interrogar. Aproveitei esse tempo para enviar uma mensagem a toda a gente que conheci aqui a agradecer, com o meu número de Whatsapp em Portugal e a convidar para virem a Portugal quando quiserem, o que foi uma confusão.
Entretanto acabaram as interrogações, e ele entregou as composições. Sete e meio!!!!! Equivale a um quinze!! Não imaginam a minha felicidade com a nota e com o comentário que ele escreveu na última página, pois estava mesmo à espera que estivesse completamente errada e que nem devia falar sobre o que falei.
E, para continuar o mau dia, estava eu mesmo a levar uma bolacha à boca quando o Pallai decide começar a falar sobre mim, fazendo todos olhar. Falava do livro do Saramago que eu estava a ler no outro dia, o Memorial. "Por exemplo a Eva, que agora está a comer...". Obviamente que fiquei toda vermelha, super envergonhada do que estava a fazer. E este é o professor que da outra vez disse à turma para fazer pouco barulho porque eu estava a dormir, pelo que acredito que tenha uma óptima impressão de mim.
Perguntou-se me pronunciava bem o título do livro, e pediu-me para eu o dizer em português. E com isto os meus amigos começaram a dizer que também sabiam falar português, dizendo-lhe "Vai-te foder, cabrão". A reacção do professor foi só rir, todo orgulhoso pelos alunos que falam português (antes de me ir embora ainda lhe traduzo o que eles disseram).
Entretanto chegou o intervalo, em que estive a falar com a Anna e fui para a sala dela, mas entretanto voltei para a minha sala e estive à conversa com os meus amigos.
A quarta aula foi Matemática com a 3^I, para onde fui cinco minutos antes da hora, para conversar um bocadinho com eles. Estive a falar um bocadinho com a Debora (que quer fazer AFS no próximo ano) e com a Giorgia, porque tem amigos na Holanda. Passado 15 minutos chegou a Genitoni, pronta a dar a aula. Estiveram o tempo todo a fazer exercícios, mas eu ocupei o meu a escrever uma carta ao Agustin, dado que é o seu aniversário.
A quinta hora foi a pior, Espanhol. Começámos a aula a ler um artigo sobre a violência contra as mulheres, e depois a dar "conselhos" a personagens fictícias que se encontravam nessa situação, a uma rapariga e ao seu namorado demasiado controlador e possessivo.
Quando a aula acabou, fui falar com a prof e disse que era a minha última aula com eles, pelo que depois me tive de despedir de todas, que me desejaram o melhor.
Quando acabei as despedidas fui para a corriera, onde pensava encontrar a Greta, acabando por ver que não ia acontecer. Hoje ela ficou em Castelnovo ne monti com o pai, pelo que tive de ir com os amigos dela no autocarro, que têm sido impecáveis comigo desde que me conhecem.
Estava mesmo cansada e a tentar adormecer no autocarro, mas infelizmente há uma rapariga que vem sempre atrás de mim que berra em vez de falar, pelo que não foi possível. Quando o autocarro ficou mais vazio adormeci, passando o resto da viagem muita rápido. Lembro-me de acordar nos subúrbios de Reggio e de pensar "ok, durmo mais um bocadinho e acordo quando estiver mais ou menos no centro, para ter margem até chegar à estação". Tits, no. Quando acordei estava eu num sítio que não conhecia, com o autocarro vazio. Por sorte ainda estava lá o condutor, que olhou para mim quando eu disse "uuuups", com cara de zangado: "Mas estás aqui?! Onde devias ter saído?! Estavas a dormir?! Eu confirmei se tinha descido toda a gente, estavas deitada no chão?!", a que eu respondi com um "Scusi" um pouco envergonhado. Lá lhe disse que devia ter ficado na estação, e ele explicou-me o caminho e disse que eram 10 min a andar. "10 minutos" ou meia hora, isto não disse ele. Estava em pânico porque não sabia onde estava e não tinha muita bateria no telemóvel, mas acabei por conhecer mais da cidade e descobri que temos um aeroporto!
Depois de meia hora a andar e a queixar-me para mim própria de dores no joelho, lá cheguei à estação de autocarros onde o Cedric me esperava há uma hora e meia. Pois é, ele esteve ali sentado quando o meu autocarro parou ali, sem imaginar que eu estava a dormir num dos bancos de trás.
Fomos ao McDonald's comprar qualquer coisa e entretanto a Anita ligou-me a dizer que me tinha de dar uma coisa, pelo que nos dava boleia de carro até à escola de Italiano. Quando chegámos lá-me ofereceu uma caneta com a bandeira de Itália, uma recordação que o Centro Local me quis oferecer, e despedi-me dela, que já não vejo mais.
Chegámos à escola às 15h15 (a aula começava às 15h), mas decidimos não ir directamente. Subimos para o 2º andar (a escola é no 3º), entrámos num espaço que estava meio em obras e sentámo-nos para comer e falar, onde estivemos uma hora. Quando achámos que já era um abuso fomos para cima, juntar-nos aos nossos colegas. Explicámos a situação ao professor que (não sei como) não ficou chateado e deixou-nos passar sem problemas.
Na aula estivemos a estudar o passado próximo, mas em pares de dois feitos por ele. Luciano, o inteligente que, para nos fazer falar italiano, me meteu com uma brasileira. Estivemos a falar bastante e ela disse-me que estava cá um bocado contrariada, dado que não conseguiu entrar na escola que queria e que passa os dias todos em casa sem fazer nada, enquanto o namorado estuda numa escola italiana.
Depois dos verbos estivemos a fazer um jogo chamado "Paroliamo", uma junção de "parole" (palavras) com "parliamo" (falamos). O jogo consistia em ter 10 letras e ter de formar palavras com ela, e ganha quem arranjasse a mais longa, que obviamente que não fui eu.
Quando a aula acabou, disse ao Luciano que tinha sido a última aula para mim, coisa de que ele já não se lembrava. Lamentou-se, disse que gostava que eu ficasse mais tempo, disse à turma para me dar uma salva de palmas e depois despediu-se de mim, desejando-me o melhor.
À porta da aula estive a falar com o Churchill, um colega nosso que está aqui sozinho e que tenta sempre falar connosco, achando que sabe falar inglês (mas na verdade não sabe, as nossas conversas não têm sentido nenhum).
Fomos para a estação, apanhámos o tram e fomos para o centro. No centro fomos para a Emilia (gelataria), morrendo de frio. Mas o que melhor do que um gelado quando estão -2ºC? Também não sei! Comemos um gelado todos juntos (que eu paguei, dado que é o meu último dia) e demos um passeio. Entretanto tive de me despedir, porque ia no autocarro das 18:30. Convidei-os para virem amanhã a Castelnovo (a Cille e o Cedric já vinham) fazer uma batalha de neve mas, com medo que não pudessem, tive de me despedir deles. Da Íris, da Serra e do Agustin, que custou muito.
Despedidas feitas, o Cedric acompanhou-me à paragem, onde chegámos 20 minutos antes. Estivemos a falar imenso sobre tudo, porque é sempre fácil de falar com ele. Falámos de como nos conhecemos, e de como nos demos bem desde o primeiro dia, e de como o resto do Local Chapter nos anda a excluir um pouco, o que para ele é um problema porque fica cá um ano.
Entretanto o autocarro chegou, pelo que me tive de despedir dele. Sabia que o via amanhã, mas mesmo assim não deixou de ser difícil, porque tem sido uma pessoa mesmo importante para mim aqui em Itália.
Duas paragens depois da minha entrou o Federico Beretti, com quem combinei ir no autocarro. Ele é um voluntário que foi para a Argentina há alguns anos atrás, e que tem sido sempre impecável comigo. Fez-me também conhecer uma rapariga no autocarro que este verão vai 1 mês para fora com a Lions e que, como primeira escolha, meteu Portugal.
Quando cheguei a Castelnovo fui a pé para casa, onde estava a minha família. Contei as aventuras do dia à minha mãe, e ela foi-me logo desinfetar o joelho.
Hoje o jantar foi cappeletti com natas para mim, e salada, batatas e carne como segundo prato. Depois estivemos a comer pandoro, spongata e fruta, enquanto víamos X Factor em família, comentando os participantes.
Depois do jantar vim para o meu quarto pesquisar as informações sobre o meu voo e a bagagem, falei um bocado com o Hugo e o meu pai e agora a escrever o blog, que me tira sempre cerca de uma hora.
Vou adiantar um pouco mais da mala, beijo a todos!
P.S.: A Iris deu um cacto como prenda ao Agustin. O que se passa de errado com as pessoas de Hong Kong?






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