quinta-feira, 17 de outubro de 2013

DREAM

Boa noite!
Mais um dia, mais um post. Estava agora a dizer à Anna que às vezes me canso de fazer isto, mas sei que no futuro vou ficar contente por tê-lo feito e é óptimo porque me faz continuar a escrever imenso em português e recordar o dia, no que fiz de bem ou de mal. No que quero mudar.
Isto é muito importante numa experiência destas. No campo de chegada, na cerimónia de abertura, algum dos representantes da AFS discursou para nós. E disse que isto era uma experiência de vida única para nós. Que, pela primeira vez, íamos para um sítio onde mesmo ninguém nos conhecia. Que tínhamos uma oportunidade de pensar em quem queremos ser e sê-lo. O blog ajuda-me a fazer isso todos os dias e por isso aconselho a toda a gente que esteja indecisa sobre fazer ou não para o fazer de uma vez por todas. Francisco Franco, já ouvi falar da tua vontade de fazer um blog mas ainda não vi nada, mãos à obra! Bart, eu sei que estás a ler isto, mexe-te!

Entretanto aqui em Itália redescobri três enormes paixões: bacalhau, coca-cola e chocolate. O bacalhau que é das poucas coisas que tenho saudades de Portugal, e a coca-cola e o chocolate que são a minha gasolina para todos os dias. É verdade, eu vou sair daqui obesa e não vai ser graças à pizza (tenho também saudades da pizza da D. Manuel, são melhores do que as que tenho comido, e não estou a gozar). E curiosamente são duas coisas de que nunca gostei muito (cola e chocolate).
E com isto vem uma má notícia que me contaram ontem. Pois é, se continuarmos a consumir chocolate como fazemos agora, daqui a 7/8 anos não vai haver mais chocolate, por falta de cacau. Eu sei que a mensagem que se deve tirar daqui é para reduzir o consumo de cacau agora, para garantirmos para o futuro, mas a nossa interpretação (Agustin, Cille e eu) foi exatamente esta: "aproveita e come todo o chocolate que conseguires enquanto houver!".

Hoje a minha primeira aula foi matemática, em que estivemos a estudar mais logaritmos. Para além disso, recebi o meu teste. Apesar de não ter nota, eu fiz as contas e acho que pontos garantidos tive 15, em 68. Isto é, um 2,20 em nota italiana. Um 4,4 em notas portuguesas. Pois é, senti-me um génio. E ver a correção ainda foi mais giro. "1 A) Si B) Errore C) ERRORE GRAVE D) Incompleta".

Depois vieram mais duas horas de Italiano, salve-se quem puder. No primeiro tempo foi interrogação oral. A maior parte da turma justificou-se então restaram três que foram para a secretária do professor para fazer a avaliação. Uns cinco alunos mudaram as mesas para perto para conseguir ouvir a avaliação e outros poucos ficaram no lugar, tal como eu.
Bem, uma aula com três alunos ao lado do professor numa conversa contínua? Já devem imaginar a minha resposta a isso, pelo menos o Marco adivinhou: quando olhei para o telemóvel tinha uma mensagem dele a dizer "Buona notte mia cara". Ele não podia estar mais certo, foi exatamente isso que fiz a hora inteira.
Na segunda hora estivemos a estudar alguns escritores, dos quais Miguel de Cervantes e Goldoni. O último provocou muito riso na turma, porque ninguém conheci tal escritor e associou o nome à minha família italiana.

A seguir veio o intervalo, que passei com a Niccole. Estivemos a falar e fomos comprar comida nas máquinas.
As aulas seguintes foram dois tempos de Filosofia/História e a única coisa que ouvi a aula toda foi "Será o inventor da bomba nuclear responsável pelos danos causados por ela?", que já tinha discutido em Portugal.

Logo quando acabou a escola fui para a paragem onde ia apanhar a coriera, mas desta vez sozinha. No meio da confusão já ia entrar em pânico porque não sabia para onde ir, até que vejo a irmã da Arianna. Pergunto-lhe qual é o autocarro para Reggio e ela diz-me que é aquele em que estava a entrar, e que vinha para o mesmo sítio que eu então podíamos ir juntas.
Voltou a ser uma viagem muito complicada, durante a qual tive a oportunidade de escrever as 5 regras da lógica dos autocarros italianos:
nr. 1 -"Não dizemos para onde vamos. Queres saber o destino final, perguntas."
nr. 2 - O melhor condutor é aquele que faz o autocarro dar os maiores pulinhos quando passamos em cima de uma lomba.`
nr. 3 - Para quê sentar ao lado de um desconhecido se podemos ir a viagem toda em pé?
nr. 4 - Para quê deixar a senhora de 70 anos ir sentada se há um rapaz de 17 anos que também o quer?
nr. 5 - "Não temos muitos lugares relativamente à quantidade de pessoas que levamos, por isso, se queres um, prepara os punhos."
nr. 6 - Para quê meter a música do rádio do autocarro? Vamos todos meter o volume e os fones ao máximo para todo o autocarro ouvir a nova música dos Jonas Brothers que a miúda do elementar está a ouvir.

Quando cheguei à estação, passada uma hora e meia depois, fui ter com a Cille e o Agus ao McDonald's. Já não comia um happy meal há cerca de 2 meses, foi um sonho voltar a comer um. Aqui pagamos 4€ pelo Happy Meal e ainda te oferecem uma sobremesa, que vem incluída. Ou fruta, ou iogurte líquido biológico ou queijo. Que belíssimas escolhas.
Mal acabei de comer fomos para a paragem onde apanhámos um mini bus para o centro comercial, onde íamos passar a tarde. Eles os dois, como habitantes da cidade que são, têm passe para aqueles autocarros, mas eu não. Depois de termos tentado milhares de vezes comprar um bilhete e a máquina não aceitar o dinheiro, uma senhora que estava perto disse que tinha e que nos podia dar um. Foi muito querido, e salvou-me de levar uma multinha.

Quando chegámos ao Petali, reparámos que as pessoas aqui percebiam inglês, e que por isso percebiam tudo o que dizíamos, o que não era propriamente bom. E o pior é que, apesar de eu e o Agustin conseguirmos comunicar em Portunhol, a Cille aí não perceberia nada, pelo que continuámos pelo Inglês.
Primeiro fomos à Pull, onde eu ia trocar o casaco M que a Cille me comprou, para um S. Até que o senhor da caixa me disse que o meu talão não era daquele casaco, mas sim de um igual mas em bordeaux. Pois é, a Cille enganou-se e provavelmente mandou o certo para o lixo, pelo que vou ter de ficar com o M.
Ainda na Pull fomos escolher umas calças muito italianas para o Agustin experimentar, o que nos fez rir imenso. Aqui ainda comprei 2 pares de collants daqueles mesmo quentes, porque me esqueci que vinha para as montanhas quando fiz a mala.

Entretanto andámos de loja em loja, à procura de jeans para a Cille e para o Agustin. A Cille porque está a caminho dos 10 kg a mais e o botão das calças rebentou, e o Agustin porque a host mom lavou-as da maneira errada e trocou-lhes a cor. E meu numa busca por um piumino (quispo).
Entrámos numa loja que não há em Portugal e tivemos um reecontro maravilhoso. Pois é, é precisamente naquela loja que vendem o vestido que o Agus usou no desfile de moda no campo, e estivemos quase quase para comprá-lo.
Entrámos também na Jack Johnson para comprar umas calças para o raio do Argentino, e fizemos uma bela amizade com o rapaz que trabalhava lá. Dissemos-lhe que o Agustin estava à procura de umas calças tipicamente italianas (obviamente que não estava) e o rapaz trouxe umas mesmo engraçadas, a que o Agustin teve de responder que não fazia o estilo dele.

Pouco depois fartámo-nos da nossa busca e fomos comer. Eu e a Cille bebemos um ice tea e comemos uma fatia de bolo de chocolate, enquanto o Agus bebeu uma coca-cola. Aquilo levou-me à miséria. Eu paguei as 3 bebidas e não ficou a mais nem menos do que 8 euros!

Depois voltámos a visitar umas lojas e eles finalmente conseguiram comprar uns jeans para cada um. Faltava o meu piumino. Entrámos em várias lojas, mas ou eram demasiado parolos, ou custavam 140€. Desisti, e provavelmente compro aqui na Benetton de Castelnovo ne Monti, que são mais baratos.
Voltámos à loja do vestido e eu comprei um camisolão de malha (a minha paixão) branco com "dream" escrito a preto.

Quando as compras estavam feitas fomos apanhar o minibus de novo para a estação. E desta vez nem pagámos a viagem, porque nenhum de nós passou o passe. Encontrámos também a Iris nesse bus, que estava a ir para a aula de violoncelo.
Pouco depois chegámos à estação e a Cille foi-se embora a correr porque o autocarro dela estava lá. Deixámos a Iris na paragem correta e eu e o Agustin fomos para o sítio onde eu apanho o meu, dado que a minha mãe não me deixa ir para lá sozinha. Pois é, porque eu, para apanhar o meu autocarro, passo pelo guetto de Reggio Emilia, pela China Town e ainda por umas banquinhas de marroquinos, só com homens.Se mesmo com o Agustin estávamos com medo, quanto mais sozinha.
Começámos a stressar um bocado quando não víamos o autocarro a chegar, mas em cima da hora lá estava ele e eu fui para a minha terra. Parti às 18h20 e cheguei por volta das 19h40. Dói, eu sei.

Quando cheguei a casa soube que tínhamos um convidado para jantar: Ângelo, o oculista. Não o conhecia, mas foi um enorme prazer. Ele disse-me que tinha feito Erasmus em Lisboa e uma espécie de Erasmus mas mais curto no Brasil, pelo que sabe uma coisa ou outra do português.
Antes de jantarmos lá fez ele uma oração e lá jantámos. O primeiro prato era tipo risotto de abóbora (zucca) e o segundo petiscos como presunto e fritata.
A sobremesa foi gelado com molho de mirtilos, que estava deliciosa. Pouco depois a Anna ligou a pedir para a irmos buscar ao ginásio e lá fui com a minha mãe no carro, ambas de pijama.
Quando voltámos a casa fizemos castanhas, mas aqui eles metem no fogão e sem pinga de sal.

Numa conversa em que contava à Anna que ia para Bruxelas durante uma semana antes de ir para Portugal, ela fez uma mini birra porque queria que eu ficasse aqui. Eu também quero, acredita.

Deixo-vos com uma foto do meu novo camisolão, espero que gostem.
Boa noite, beijo grande

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